sábado, 7 de fevereiro de 2009

Comentários Essenciais ao Anarquismo

A doutrina e prática anarquista nasceu provavelmente na revolução francesa, se consderarmos a chamada "revolta dos iguais" liderada por Gracoo Babeuf, como já citado num artigo anterior aqui apresentado nessa presente coletânia. No século XIX, com a superpopulação proletária, co-adjuvante ao desemprego e concomitante tensão social, surgiram, em resposta à exploração capitalista, um número variado de ideologias de libertação dos trabalhadores, sonhos ideológicos de emancipação social, política e econômica, também existencial. O sentido de vida dos proletários seria então projetado a um futuro redentor possível, onde a exploração do homem pelo homem não mais aconteceria. Assim, nesta mesma Europa, surgiu o socialismo e suas múltiplas matizes, seus sucedâneos e avatares, tais como o denominado "socialismo utópico" de Fourier, Owen e Saint Simon, o blanquismo, hipostasiado na figura pessoal do revolucionário chamado Blanqui, o anarquismo de Prodhon, Bakunin, Kropotin e Malatesta e o denominado "socialismo científico", baseado no método dialético em história e filosofia, também denominado "marxismo", elaborado por Marx e Engels. Essas ideologias transformaram a Europa do século XIX num caldeirão de água fervente, com grande possibilidade de explodir. Com a imigração do execedente residual populacional da Europa para as Américas, no fim do século XIX e início do século XX, esses imigrantes pregariam e praticariam abertamente esse conjunto de doutrinas no universo político e social das ex-colônias européias nas Américas. A realidade da imigração nos EUA foi tão intensa e proplemática que foi estabelecida um severo código de repressão ao trabalhador europeu ideologizado. Leis protegendo a propriedade privada e o regime social vigente foram propostas e instauradas, muitos imigrantes alemães, irlandeses, poloneses e italianos, por exemplo, foram atingidos pelos estatutos jurídicos retaliativos. No início dos anos 20, nos EUA, foram executados injustamente os anarquistas italianos Sacco e Vanzetti, numa tentativa de conter o avanço de tipo grevista, contraventor e mesmo subversivo do conjunto dos operários imigrantes revoltosos(uma piada da época dizia que um militante anarquista fazia discursos com os pés numa caixa de madeira para burlar a lei restritiva que proibira anarquistas de fazer discursos em solo norte-americano(sic)). Um pólo de trabalhadores industriais muito destacado onde ocorrera intensa luta de classes foi na cidade de Detroit onde se situavam geograficamente as grandes indústrias de automóveis nos EUA. Também na América do Sul, especialmente, muitos trabalhadores europeus ideologizados se integraram na luta de classes aberta e intensa. No começo do século XX, aqui em Porto Alegre, um militante operário anarquista de origem polonesa de nome Michalski foi muito atuante, inclusive em periódicos e jornais libertários. Também tivemos na capital gaúcha, José Augusto Guardía, foragido da Espanha e Rafael, situado em Viamão, dois anarquistas históricos do sul do país. Augusto, até o fim da vida recebeu de Espanha o jornal "Solidariedade Obreira" que, na época da revolução espanhola era um diário. Contava ele que participara das chamadas "33 horas de Barcelona", quando os revolucionários anarquistas(a Catalunha era seu reduto) tomaram uma peça de artilharia e renderam a municipalidade, vencendo assim aquela batalha. Augusto trabalhou numa cervejaria na Espanha onde se instaurou uma auto-gestão, depois, como fotógrafo e também pedreiro, já refugiado no Brasil(ele aprendeu a ler e escrever sozinho). Estas são notas históricas ao Anarquismo as quais vale a pena relatar aos militantes posteriores pra que se espelhem nos fatos heróicos realizados por esses eminentes revolucionários libertários. Enquanto existirem jovens inspirados e carentes da glória refletida pela luz da luta por justiça social, a doutrina e prática anárquicas nunca irão desaparecer na superfície do planeta Terra.

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