domingo, 29 de março de 2009

A diferença entre Marx e Bakunin

Quanto a Marx, primeiramente este era um democrata radical e após se tornou um comunista. A única modalidade de socialismo que Marx(e também Bakunin) conheceu foi a Comuna de Paris(1870-1871). Marx defendia a existência de uma vanguarda revolucionária que guiaria as massas no processo de transição ao comunismo utópico(essa transição foi chamada de "socialismo"(como "ditadura" da classe operária). Bakunin por sua vez defendia a liberdade imediata como caminho para a própria liberdade, sem mediações autoritárias, essa liberdade seria atributo na base do coletivo proletário, sem mediações vanguardistas. Isso implicaria na extinção da estrutura do Estado, o povo se organizaria em sindicatos e associações corporativas, a nível puramente social, não político("a política é a arte de enganar os povos. Não se deixe levar pelos politiqueiros e sua demagogia lodosa. Não vote nunca mais", é a divisa libertária). Bakunin também defendia o confisco radical das heranças(Spartacus).

quarta-feira, 25 de março de 2009

Testemunho de um Antigo Anarquista

Certa vez o anarquista catalão José Augusto Guardía expressou seu sentimento libertário na crença da Revolução Espanhola de 1936 a 1939 dizendo:
"(...) o que importavam nossas vidas naquele momento se nós estávamos tão próximos do que queríamos".

Testemunho de um Antigo Anarquista

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Ascensão do Nazismo na Alemanha Pretérita

O advento do regime totalitário de direita na Alemanha do início do século 20 tem relação direta com a corrida colonial iniciada no século 19. Sabe-se do estudo de história que tanto a Itália como a Alemanha foram retardatários àquela corrida em relação às outras potências européias. Isso se deveu à atividade de unificação interna a ser realizada por aqueles dois países(a Itália era composta de várias cidades-estado e a Alemanha, de mais de 100 principados eclesiásticos e seculares, situação que perdurava desde a idade média). Em desvantagem quanto ao número de colônias na África e no Oriente, um contexto animoso se configurou entre as potências européias as quais se polarizaram em duas ligas ou conjugações antagônicas. O atentado derradeiro que vitimou o herdeiro do trono austríaco na Sérvia foi o estopim para uma guerra sem sem precedentes, a qual foi denominada Primeira Guerra Mundial. Após rápido movimento de tropas nos campos de batalha, o confronto de polarizou em frentes de extensas trincheiras e assim se imobilizou. Ali toda uma geração de juventude pereceu suspensa nos arames farpados dos campos de Marte desposando Belona. O próprio socialismo europeu cedeu lugar ao chauvinismo aberto e desavergonhado, sendo os deputados socialistas aprovando os créditos de guerra para seus próprios Estados nacionais e possibilizando o confronto geral. Os aliados encabeçados pelos ingleses e franceses perderam a Rússia que se retirou da guerra para realizar sua própria revolução em 1917. A Alemanha assinou derrotada o armistício em 1918 ainda em solo extrangeiro. A despeito do presidente norte-americano Wilson que propunha "uma paz sem vencidos nem vencedores", a diplomacia anglo-francesa de Clemenceau e Lord George exigiu enormes retaliações à Alemanha, inclusive o confisco de navios, trens, rotas marítimas e uma dívida em marcos-ouro a ser paga até 1984. Imediatamente após o término da guerra, originaram-se as condições político-emocionais para a revolução alemã em 1919, liderada por Rosa de Luxemburgo e Karl Liebtneck a qual infelizmente abortou. Nos despojos dessa malfada revolução, instituiu-se a República de Weimar naquele mesmo ano, já comprometida com as forças armadas, os "corpos livres"(forças paramilitares de direita) e a nobreza rural junker. Assim, de 1919 a 1933, essa república sofreu grande número de revezes até ser finalmente golpeada pela proposta totalitária de Adolph Hitler(em 1923, Hitler blefara em Munique com um suposto golpe após o qual ele e Rudolph Hess permanecem seis meses em Landsberg onde o primeiro escreve sua obra político-ideológica, "Minha Luta"). A Alemanha nunca tivera tradição democrática e seus regimes políticos sempre foram autocráticos, desde o primeiro Reich na idade média, o segundo Reich de Bismark e finalmente o terceiro Reich de Hitler. A talentosa e pródiga república de Weimar com seu progresso artístico, literário, plástico, musical, cinematográfico e arquitetônico(Walter Gropius(Bauhaus, Glashaus e Werkbund), o Dadá de Picabia, Tzara e Duchamp e as gravuras expressionistas de Kate Kölvitz) cedeu lugar à ditadura hitlerista em 1933. Daí este ditador inaugurou um sem-número de pedras fundamentais e grandes obras que modernizaram o país embora militarizando-o progressivamente até 01-09-1939, quando as forças armadas alemãs invadiram a Polônia iniciando a denominada segunda guerra mundial. Após seis anos de confronto contra as potências aliadas ocidentais, com todas as linhas alemãs rompidas, em abril de 1945 o front ocidental entrou em colapso e Hitler, antes de morrer, entregou o terceiro Reich para o almirante Döenitz, seu derradeiro herdeiro político. O número de pessoas mortas nesta guerra totalizaram 40 milhões, sendo 6 milhões de judeus que pereceram nos campos de extermínio nazistas. O mundo do século 20 presenciou estas duas guerras bárbaras num nível bélico que se deu segundo um modo globalmente inédito(Spartacus).




segunda-feira, 9 de março de 2009

Refletindo sobre o Sindicalismo

A instituição sindical é uma conquista histórica da classe trabalhadora. Isso tem viabilizado ao longo do tempo o confronto entre patrões e empregados e as conquistas corporativas destes últimos. Assim, por exemplo, na Inglaterra parlamentar originaram-se as trade-unions e inclusive a partir do século XIX, grandes centrais sindicais ou associações internacionais dos trabalhadores, tais como a primeira AIT dividida entre marxistas e bakunistas. O surgimento do socialismo como teoria e prática é concomitante às associações sindicais européias(hoje co-existem quatro associações internacionais de trabalhadores no mundo todo). O movimento libertário advoga uma grande comunhão do mundo do trabalho em torno de organizações universais que poderiam fazer os patrões recuarem e parar totalmente o capitalismo com suas greves, o sonho de uma greve geral redentora e derradeira conseguindo bloquear todo o sistema capitalista está presente em cada alma libertária. Contudo, o canto de sereia dos partidos políticos da burguesia e daqueles ditos dos trabalhadores, inclusive, exercem o papel de divisores universais dos trabalhadores, com sua demagogia constitutiva e falsas verdades. Os partidos políticos balisam a política do Estado(burguês ou "socialista") e o afirmam em cada pleito periódico e temporadas subsequentes de administração estamental e fisiológica: a política como a conhecemos é o principal fator da ruína participativa da classe trabalhadora. Tristemente verifica-se os sindicatos que os anarquistas defendem como um ser por si, conservam uma heteronomia total diante da realidade político-partidária das nações e seus Estados. Isso é fácil de se ver quando consideramos o fim destinado aos líderes sindicais que têm se mostrado operantes na luta corporativa das associações de trabalhadores, os quais são indicados quase que imediatamente para candidaturas políticas, concorrendo a cargos eletivos, sendo por conseguinte absorvidos pelo poder de Estado e pela sociedade política. Assim, por exemplo, aqui no Rio Grande do Sul, considerando-se a categoria do CPERS, os líderes H. Zanetti, P. Egon e M. A. Feldmann se sucederam no comando do CPERS e, um após outro foram cooptados pela política partidária tradicional, junto a outros nomes propostos até os dias de hoje. A proposta anarquista para os sindicatos defende a permanência autônoma destes no contexto trabalhista social, conservando as associações sindicais como um fim em si e não um fator de mediação dialética tendo como resultado final os partidos políticos e sua demagogia constitutiva e essencial(Spartacus).

Vicissitudes do Anarquismo Universal

A mãe de Durruti, o grande líder militar anarquista, foi visitada por jornalistas inescrupulosos os quais lhe disseram que ele assaltava bancos. Ela lhes respondeu que não sabia disso mas que tal era improvável porque ele sempre aparecia ali aos farrapos.
Um bom comportado inglês que lutava na revolução espanhola era professor primário numa comunidade de prostitutas. Seus honorários e o material escolar nunca faltaram e muito mais tarde lhe disseram que o dinheiro para tal provinha de roubo à bancos.
Tal como este acima, os anglo-saxões idealistas que participavam da revolução espanhola se comoviam com a simplicidade e singeleza das canções de guerra hispâno-latinas.
O primeiro soviet(Petrogrado) foi fundado na residência de Voline, o qual teve escrúpulos em liderá-lo. Aquele que o substituiu chamou-se Vladimir Ilich Ulianov(Lênin).
Nestor Makno e lideranças ucranianas foram emboscadas num atentado promovido pelos bolcheviques num jantar em que se celebrava a vitória sobre os exércitos brancos. Makno, com o
corpo baleado, conseguiu fugir para a França onde trabalhou numa fábrica e foi conhecido pelo anarquista espanhol José Augusto Guardía, este último vivendo em Porto Alegre até o fim de sua vida(Spartacus).

domingo, 8 de março de 2009

A Essência Humanística do Anarquismo

Comparado a outras ideologias existentes na cultura política humana sobre a face da Terra, é ao Anarquismo que corresponde o maior revérbero humanístico. Se o liberalismo prega um axiomático abandono da sociedade humana frente ao movimento cíclico e espontâneo dos mercados e se o marxismo propõe uma abordagem fria e abstrata dos fatos econômico e social, sujeitos ao inevitável jogo dialético das infra-estruturas e das super-estruturas, e assim deste modo se arvora livremente como "ciência", só o Anarquismo fala abertamente sobre liberdade humana e inclusive sobre o amor entre os homens. O Anarquismo fala de amor. De fato, nenhuma outra corrente filosófica e política fala assim na cultura humana. Nas palavras de Mikhail Bakunin lê-se: "(...) o caminho da liberdade é a própria liberdade", contrariando a tese marxista-leninista da ditadura do proletariado como intermediário entre o capitalismo e o comunismo utópico. Foi a partir dessa idéia-máter que grupos libertários de seres humanos lutaram em Kronstadt, na guerra da Ucrânia(contra Makno e seus epígonos) e na revolução espanhola de 1936-1939. Na batalha derradeira no centro da Espanha, uma rádio dramaticamente chamava à luta dizendo: "Aqui Madrid, última fronteira entre a liberdade e as forças da obscuridade!", na Espanha daqueles dias, a eletricidade, o atendimento médico e os medicamentos eram grátis, os têxteis foram introduzidos na indústria espanhola e o número de crianças na escola triplicou. Os anarquistas eram então os "assaltantes do céu", para eles não se tratava de guerra civil mas a própria revolução, "e o que importavam nossas vidas naquele momento se estávamos tão próximos do que queríamos". Isso não correspondia à um simples comprometimento ideológico mas relacionáva-se com um profundo amor pelo ser humano e seus destinos no planeta Terra. Deste modo, podemos associar a teoria e a prática libertária a um intenso e insofismável amor pelos homens e mulheres existentes(Spartacus).

quarta-feira, 4 de março de 2009

Memórias Vivas

Um antigo anarquista espanhol, de nome José Augusto Guardía, nascido na Catalunha e falecido
em Porto Alegre, conheceu na França Nestor Makno, o qual trabalhava numa fábrica e tinha vá-
rias balas alojadas em seu corpo, resultado de um atentado que sofreu por parte de Lênin e dos
bolcheviques.
Um engenheiro do serviço público estadual do RS, também já falecido, teve um tio avô que, na
Europa, conhecera Rosa de Luxemburgo.
Com essas mortes inevitáveis, a memória histórica perde-se mais e mais, até se tornar irreco-
nhecível e indetectável(Spartacus).