quarta-feira, 29 de abril de 2009

Enfoques sobre a História da Economia

O conhecimento e a prática da Economia constituem-se em coisas muito antigas. Às vezes considerada ciência, às vezes não, a Economia exerce papel fundamental na vida das sociedades humanas. Lidando com frios e ásperos números e cotações, foi várias vezes denominada "a ciência triste". Segundo a versão de Margarite Youcenar, o imperador Adriano dizia que "um negócio de arroz com o Egito valia mais do que muitos tratados de Política". As navegações e instituição de colônias na antiguidade(os fenícios e Vikings, por exemplo), o regime de trocas e comércio em mercados, as associações de ligas comerciais, o artesanato, o transporte de riquezas(Marco Polo, por exemplo), tudo isso convergiu para a necessidade de regulamentar em teoria essa prática tão importante para os povos e para as nações. Em tempos muito antigos, os mercadores do Mar do Norte se encontravam ao sul com outros do Oriente nas planícies francesas(Champagne, por exemplo) para negociarem. Uma banca muito original ali surgiu, a saber, aquela que trocava dinheiro por dinheiro, os primeiros cambistas e os primeiros papéis, letras e cheques assim se originaram. Com o fim da idade média e início da idade moderna, as navegações se constituiram na principal fonte de renda da burguesia emergente(a partir da descoberta da América por Colombo - as Índias Ocidentais - e das próprias Índias(orientais), O regime da nobreza se enfraquecia e a terra se tornava uma mercadoria como qualquer outra, não mais ofertada por méritos de suserania e vassalagem. Mas é nos séculos XVIII e XIX que começou-se a se pensar na Economia como um conhecimento objetivo e possível de estruturação sistemática. O grande economista daqueles tempos foi o inglês Adam Smith, com sua obra principal, "A Riqueza das Nações". O único problema fundamental de Smith foi sua não admissão da Economia como realidade e processo basicamente sociais, ao contrário, ele considerava o fato econômico como acontecendo a partir de um homem praticamente isolado do mundo, um tipo de "Robson Crusué"(Marx, mais tarde, criticará Smith por suas "robsonadas"). Com Quesnay, Gournay, Petty e outros, fundou-se a mentalidade chamada fsiocrata, uma idéia de Economia completamente livre, ausente de leis e fundamentalmente submetida à lei da oferta e da procura. "Deus criou o mundo mas tão exerce nenhuma vontade sobre ele", tal era o princípio fisiocrata vigente(a fisiocracia foi suplantada mais tarde por Karl Marx). Houve também um economista no século XIX, David Ricardo, que teve como mérito fundamental a criação do valor econômico não centrado no mercado mas no universo do trabalho. Assim, criou o conceito de mais-valia, poder e força de trabalho a ser destituído do trabalhador pelo patronato. O contexto econômico político ou Economia Política determinante dessa exploração se constitui no Estado capitalista moderno. Marx, por sua vez, tomou de Ricardo a tese da mais-valia e com ela fez uma leitura prospectiva e retrospectiva da história da humanidade com ênfase no seu método histórico(materialismo histórico) e no seu método filosófico(materialismo dialético). Marx, como Ricardo, centralizou a teoria da Economia Política no valor-trabalho. Escreveu as obras "Crítica à Economia Política" e "O Capital", esse último um enorme tratado sobre aquela sua proposta de Economia. Contudo, a Economia marxista progressivamente se enfraqueceu e sua teoria foi mais e mais se movimentando do mundo do trabalho para aquele do mercado, tal como formularam Jevons e Walras. Já no século XX, com a crise de 1929 e a depressão dos anos 30, um novo papel proposto para o Estado moderno foi aquele de intervenção ativa nas Economias nacional e internacional, o controle da moeda e do regime econômico, salário, emissão de dinheiro e títulos, taxa de juros, regulação da inflação, promoção do crescimento econômico, investimento no mercado e nas bolsas e lançando títulos na Economia como quaisquer outras empresas, essas coisas relacionadas com a existência necessária de um banco central. Essas teses, até então inéditas, foram assim teorizadas e propostas pelo eminente economista inglês John Maynard Keynes, o qual pessoalmente trabalhou no controle de preços na Economia norte-americana nos tempos da crise dos anos 30. Hoje, no nono ano do século XXI, a partir da crise imobiliária nos EUA e na quebradeira de bancos regionais daquele país(principiando com um dado banco específico que trabalhava essencialmente com correntistas inadimplentes), o mundo inteiro caiu numa crise não vista desde o ano de 1929. Os Estados nacionais e seus blocos de mercado têm investido bilhões de dólares em lastro para salvar enpresas e indústrias(alguns desses bilhões só dirigidas para as três montadoras de Detroit, a Ford, a Chrysler e a General Motors nos EUA). Todos nós sabemos que a crise das bolsas se constitui basicamente em crise de confiabilidade e eventos virtualmente destituídos de muita importância passam a valer muito para o regime e vivência acionária cotidiana. O mundo capitalista já tem admitido a realidade recessiva, palavra "recessão" já é pronunciada nos mercados ao redor do mundo. Talvez um neo-keynesanismo interventor e atuante possa salvar objetivamente o mundo da profundidade crítica vivenciada pelo universo capitalista vigente nesses dias muito dilemáticos e dramáticos(Spartacus).

terça-feira, 28 de abril de 2009

As Contradições do Regime Soviético

Historicamente verifica-se que na União Soviética confundiu numa instância só Revolução, Estado e Partido. Pode-se dizer que o partido realizou a revolução e compôs o Estado(de natureza revolucionária). Contudo, dada uma realidade de contravenção, seja ela civil, simplesmente penal ou destacada de qualquer naureza política ou ideológica(por exemplo, um protesto ecológico, pode ser tomado como crime contra o governo(partido), contra o Estado e portanto, contra a revolução. Assim se explica a internação psiquiátrica dos opositores do regime, sendo estes contra a política vigente(contra o Estado e, assim, contra a revolução), sendo esta política reflexo de um contexto social adequado e dito "normal", tais contraditores(ou subversivos) são tratados como "desviantes" naquele próprio conjunto social, a saber, a sociedade soviética(isso ocorreu com o líder polonês Lech Walesa e muitos outros). Na URSS, um local comum de confinamento desses ditos "anormais" foi as prisões na região da Sibéria. Em sua, aquele que questiona o regime socialista é considerado pelo Estado como criminoso social ou um desajustado psicologicamente. Devido àquela tripla condensação(Estado, partido, revolução), na ditadura totalitária de esquerda, qualquer simples contravenção é cabalmente considerada crime contra o governo(partido), contra o Estado que esse partido governa e assim contra a revolução concretizada e preservada de fato como patrimônio político por este Estado(Spartacus).


domingo, 26 de abril de 2009

Lutero, Hermenêuta da Modernidade

Martinho Lutero era um jovem alemão feliz e despreocupado que tocava alaúde e privava com seus pares amigos. Contudo, numa tempestade, em campo aberto, temeu a morte e, invocando Santa Bárbara prometeu que, se salvo, tornar-se-ia monge. Isso ocorreu e, reunindo-se pela última vez com seus companheiros numa noitada, decidiu partir para a vida monástica. Todavia, essa vida tornou-se para ele num terrível pesadelo pois fazia de tudo para se santificar mas não conseguia, quanto mais tentava se salvar por si mesmo(nas suas próprias palavras: "se erguer de um atoleiro apenas puxando os seus próprios cabelos"), mais se perdia e reincidia no pecado.Ele foi várias vezes repreendido e aconselhado pelos seus superiores a não ser muito rigoroso consigo mesmo mas ele não desistia. Assim, resolveu ir até o Vaticano em buscas de respostas. Lá viu um ambiente extremamente profano e pecaminoso, envolvendo os mais simples monjes, bispos, cardeais e até o próprio Papa(a existência de papistas, Papas guerreiros, venda de indulgências e a admissão de uma multidão de santos caracterizavam aquela igreja corrompida). Voltando a Wittemberg, afixou na porta da Matriz várias dezenas de teses criticando o catolicismo vigente. Foi chamado à Roma para prestar depoimento e satisfação sobre as suas idéias. Persistindo nelas, Lutero foi excomungado e , contudo, não se importando, queimou a bula de excomunhão em praça pública. A esta altura o cisma na Igreja já havia sido iniciado. Perseguido, Lutero obteve proteção da Liga de Smalkade, consistindo de nobres cavaleiros alemães que não queriam que o dízimo de Roma fosse cobrado em terras germânicas. Assim, protegido, Lutero não pereceu, ao contrário de Huss e Wycliff os quais queriam reformar não só a religião mas a política, porque o monge de Wittemberg desejava mudar apenas a Igreja Católica. Os príncipes colocaram Lutero a salvo num castelo, onde ele traduziu a Bíblia para o alemão, de modo que o povo pudesse conhecer a palavra de Deus. Nessa altura do conflito, com as forças sociais protestantes intensamente configuradas, restou a transigência e a contemporização. Foram muitas as conversações, em Aubsburgo, Spira e Worms, até a paz final e o reconhecimento derradeiro da religião cristã reformada. Lutero casou-se com uma ex-monja e teve também filhos. Escreveu um número enorme de textos sobre teologia, dos quais os Catecismos Maior e Menor são os mais divulgados e conhecidos. Contudo, é devido a sua iniciativa de tradução e interpretação revolucionária da Bíblia que lhe rendeu o título de "hermenêuta da modernidade". Foi em Romanos 1 que Lutero obteve a sua iluminação, onde sentencia peremptório que "(...) o justo(justificado) viverá por fé".
P.S.: A Igreja de confissão luterana não foi a única a ser reformada. A controvérsia entre o Vaticano e a virtual sucessão ao trono inglês levou o rei Henrique VIII a romper com aquele. Isso ocorreu porque Henrique VIII quis se divorciar da presente rainha, Catarina de Aragão, e se casar com Ana Bolena, o que foi-lhe vetado pela Santa Sé. Assim, à semelhança da Alemanha embora por vias diferentes, este rei fundou a própria igreja nacional inglesa, a Episcopal Anglicana. Devido ao seu caráter intempestivo, passou a repelir a própria Ana Bolena a qual, sua esposa, não lhe deu um filho homem, mas uma filha, Elisabeth I. O destino último de Bolena foi a condenação à morte. Partindo da perseguição aos católicos, Henrique VIII passou a perseguir os próprios anglicanos, segundo uma incoerência religiosa total. Mais tarde, Elisabeth I governou a Inglaterra e continuou sendo chefe da Igreja Episcopal Anglicana por toda a sua vida(presentemente, a rainha atual do Reino Unido, Elisabeth II, conserva essa função religiosa e confessional).
No Reino Unido também surgiu uma nova igreja reformada, criada por João Calvino. Dentre vários cânones particulares, Calvino defendia a bênção e salvação de Deus exclusivamente para aqueles fiéis ricamente abastados com dinheiro ou bens materiais. Finalmente, a religião reformada ocidental foi analisada pelo filósofo Max Weber em sua obra intitulada: "A Ética do Protestantismo e o Espírito do Capitalismo"(Spartacus).

sábado, 25 de abril de 2009

Sobre a Primeira Guerra Mundial

Verificou-se historicamente que Alemanha e Itália chegaram em desvantagem na corrida colonial na África e no Oriente. As demais potências ocidentais estavam em franca diferença relativamente àqueles dois países europeus, até os EUA se posicionaram-se de modo vantajoso. A razão pela qual Alemanha e Itália estavam defasadas foi o fato de se unificarem nacionalmente de modo tardio. A Itália, desde a idade média se constituiu em cidades-estados, enfraquecendo uma possível unidade nacional. Já a Alemanha configurara-se em mais de uma centena de principados seculares e eclesiásticos, sob o império da nobreza junker desde os tempos da Reforma. Foi assim, num clima de tensão, constituiu-se dois sistemas de coligação dividindo o mapa europeu em dois(a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança). Num, encabeçava-se França e Inglaterra; outro, Alemanha e seus epígonos, a Europa era então um paiol de pólvora prestes a ser detonado. O incidente motivador e de um conflito talvez inevitável foi o atentado contra o príncipe herdeiro do trono austríaco na Sérvia, provocado por um integrante radical da Fraternidade Mão Negra. Imediatamente, aqueles dos sistemas de coligação se antagonizaram e a primeira guerra inter-imperialista começou. Depois de rápido período de movimentação de tropas, a guerra se imobilizou em dois fronts, o ocidental e o oriental os quais sediaram uma guerra de trincheiras. Essa guerra foi a primeira em que se utilizou, embora rudimentares, os blindados, os aviões, os couraçados e os submarinos. Também o uniforme cáqui e o moderno capacete de aço foram utilizados. Toda uma geração de jovens foi dizimada nos exíguos 500 metros que separavam duas trincheiras. Como uma arma química(um precursor histórico do napalm), foi empregado o gás de mostarda, que vitimou muitos também. Os sistemas de fortificação à base de cercas farpadas e valas ceifaram aqueles jovens soldados sob o fogo de metralhadoras. O fuzil da época entrou para história, chamava-se Mauser. A guerra começou em 1914 e terminou em 1918. Um armistício foi proposto considerando-se a Alemanha e seus aliados como derrotados e a guerra terminou, sublinha-se, com a Alemanha interrompendo a guerra ainda em solo extrangeiro. A paz fora assinada num vagão ferroviário(o mesmo que Hitler utilizou para a capitulação da França em 1940). As sanções aliadas contra a Alemanha foram terríveis. Impossibilitada de ter exército, ela perdeu caminhões, navios e rotas comerciais, tendo ainda que pagar uma dívida em marcos-ouro até o ano de 1984. Isso se deu devido ao revanchismo anglo-francês, de Loyd George e Clemenceau(a proposta do presidente Wilson(EUA) de uma "paz sem vencedores nem vencidos" foi abandonada). Duas consequencias diretas da guerra foram a revolução russa(1917), a revolução espanhola(1936-1939) e a nazificação da Alemanha(1933-1945 tendo como agravante a crise capitalista de 1929) tendo como consequência última a segunda guerra inter-imperialista ou segunda "guerra mundial"(Spartacus).

terça-feira, 21 de abril de 2009

A Histórica Questão Judaica

Historicamente, no passado bíblico, Moisés e seu povo trilharam 40 anos no deserto do Sinai até encontrarem a terra prometida(Canaã). Essa terra foi dada ao povo hebreu por Iahweh(Deus único desse povo, aliás tal é a marca de sua originalidade teológica). Com a tomada de Jerusalém pelos turcos(aquela chamada "terra santa"), ocorreu a chamada diáspora, o espalhamento dos judeus pelo mundo afora. Com a segunda guerra mundial na qual houve o holocausto feito pelo nazismo sobre o povo judeu(pereceram ali cerca de 6 milhões de judeus), produziram-se as condições politicas e emocionais para a construção do Estado livre de Israel. Então procurou-se "uma terra sem povo para um povo sem terra", isso ocorreu com apoio dos EUA e demais potências ocidentais. Contudo, aquela terra tinha donos, a saber, os palestinos que, politicamente dispersos e mal-organizados, acabaram por ser categoricamente alijados de sua própria terra. Assim, sem reconhecimento mútuo de seus territórios formais, se originou um conflito que parece não ter fim. A tônica desse enfrentamento é o terrorismo livre e soberano e já se perdeu a conta de quantas vidas humanas foram mortas nessas décadas de guerra abertamente absurda. Na década de 60 ocorreu a denominada "guerra dos 6 dias", nos anos 70 a "guerra de Yom Kippur", nos anos 80 os episódios genocidas de Sabra e Chatilla(encabeçados pelo lídeu hebreu M. Begin). Como dito acima, nem Israel reconhece a existência da autoridade palestina nem a Palestina reconhece a existência do Estado de Israel(a análise materialista da questão judaica for escrita por Marx em sua obra intitulada "A Sagrada Família". Até então se pensava que a dispersão dos judeus seria um castigo porque eles mataram Jesus Cristo no passado). A comunidade internacional tem observado boquiaberta o confronto entre árabes e judeus. Sob a iniciativa do presidente dos EUA, Bill Clinton, Isaac Rabin e Yasser Arafat apertaram as mãos na Casa Branca. Logo depois, Rabin foi morto em um atentado realizado por um fundamentalista judeu. Seu sucessor, o chanceler Sharon, não pode continuar a construção da paz porque sofreu uma enfermidade fatal. Na primeira Guerra do Golfo, dos EUA contra o Iraque, Israel foi completamente imobilizado, sob a ameaça dos povos árabes que prometeram entrar em bloco na guerra se Israel o fizesse, revidando os mísseis islamitas que cruzaram o espaço aéreo da Cisjordânia. Hoje os EUA têm um novo presidente, Barack Obama, que parece estar interessado na paz no Oriente Médio. Contudo, recentemente Israel lançou impressionante ofensiva sobre a Faixa de Gaza, revoltando o mundo inteiro com essa iniciativa genocida(presentemente, a opinião internacional está contra Israel, embora essa mesma comunidade hostilize o governo do Irã por políticas de racismo e segregação. De fato, na conferência global contra o racismo no dia 20/04/2009, os representantes ocidentais esvaziaram o salão quando o premier iraniano fomentou abertamente a prática do racismo e negou a existência do holocausto judeu). Resta a promessa de Obama quanto a uma busca futura de entendimento entre Israel e os povos árabes, principamente no âmbito do Líbano e da Cisjordânia, onde a questão colonial é lancinante.
Sobre a história do povo israelita:
É a partir do Patriarca Abraão que começa a história do povo de Israel. Seu filho Isaque dá lugar à Jacó e Esaú. Também segue-se a trindade de reis começando com Saul, passando por Davi e alcançando Salomão. O patriarca Moisés(o primeiro hebreu a ser circuncisado), pela voz de seus irmão Arão, tirou o povo de Israel do cativeiro do faraó no Egito. Ele encontrou Iahweh no Monte
Sinai e de lá trouxe duas tábuas com o Decálogo. São de sua autoria os cinco livros iniciais do Antigo Testamento, a saber, Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio e Números. Esses livros constituem a Torá. A bíblia hebraica consiste na Torá mais os profetas e demais escritos. O antigo povo judeu não permitia adoração de imagens mas de fato o que eles veneravam era um ícone contextualizado num livro bíblico. O idioma hebraico já era língua morta há 4.000 anos nos dias em que Jesus pregou. O povo de então falava o aramaico, os fariseus o hebraico, os intelectuais o grego e o dominador romano o latim(Paulo de Tarso foi escolhido como apóstolo dos gentios por cobrir os contextos sócio-estamentais desses quatro idiomas e pregou nas localidades da bacia do Mar Mediterrâneo). Conta o Novo Testamento que Jesus foi condenado e executado com a morte na cruz pelos judeus e que os romanos através de Pôncio Pilatos se despojaram de quaisquer compromissos relativamente à sua condenação. Esse crime contra o Filho de Deus levou à interpretação religiosa fundamental do destino do povo hebreu a qual asseverou que a diáspora judia ocorreu como um castigo por aquela singela paixão e morte de Jesus Cristo(como visto, mais tarde, sob a égide do materialismo histórico lavrado por Marx, interpretou-se a partir de um dado ponto de vista inteiramente materialista e imanentista a denominada "questão judaica"(Spartacus).

domingo, 19 de abril de 2009

As Grandes Revoluções Históricas 1789-1982

A Revolução Francesa:
Intenta-se abordar hitoricamente a revolução francesa de 1789 e a revolução russa de 1917. A primeira foi consequência da cultura iluminista do século XVIII, a qual influenciou diretamente a independência dos EUA em 1776. O iluminismo francês agregou nomes como Montesquieu, Rosseau, Voltaire, Diderot e D´Albert, os chamados "enciclopedistas". Na França daquela época, existiam quatro classes sociais, a saber, a nobreza, o clero(chamados de "notáveis¨), a burguesia e o povo(sem-culotes). Após a tomada da Bastilha a 14/06/1789 e com a participação de cidadãos como Desmolin, Marat e Danton, a pressão política da burguesia que conduzia o povo levou ao contexto da Assembléia Nacional Legislativa, depois à Assembléia Nacional Constituinte e logo após, sob a égide de Robespierre, o regime revolucionário totalitário da Convenção Nacional ou Terror, tendo como órgão repressivo o temível Comitê de Salvação Pública e Segurança Geral, sob o comando do cidadão Amar. Só em Paris, cerca de 20.000 pessoas foram gilhotinadas. Houve também o pouco citado a revolta de Vendeé a qual tomou muitas vidas. Devido ao seu progressivo distanciamento político da sociedade, a Convenção Nacional foi finalmente extirpada. O Terror foi sucedito pelo Diretório (Hegel denominou este primeiro de "triunfo abstrato do Estado" e o segundo, "selva dos apetites individuais"). Houve também um movimento de cunho comunista-democrático radical, mesmo de natureza anarquista. encabeçado por Graco Babeuf e denominado a "revolta dos iguais¨. Superado o Diretório, a finalização do processo revolucionário francês se deu através da ascensão ao poder de Napoleão Bonaparte, o qual concretizou a revolução da burguesia na França. Bonaparte, primeiro cônsul e depois imperador, intentou expandir as luzes da revolução francesa para a Europa restante mas não se furtou à rapinagem realizada nas nações ocupadas. Napoleão foi derradeiramente derrotado pelos ingleses(estes últimos promoveram o bloqueio continental fechando os portos dos demais países para os franceses, sendo a razão pela qual a corte de Portugal se refugiou no Brasil). Também a batalha final de Trafalgar contribuiu para a derradeira derrota de Bonaparte, inclusive o embargo financeiro realizado relativamente à França belos banqueiros internacionais(Rockefeller, por exemplo). Bonaparte foi finalmente exilado na ilha de Elba até solitário vir a falecer.
A Revolução Russa:
Quanto à Rússia, aconteceu um movimento de grande agitação em 1905 embora nenhuma mudança revolucionária ocorrera, segundo Lênin, devido à ausência de uma liderança de vanguarda. Em 1917, a Rússia saiu da primeira guerra mundial e iniciou-se a sedição liderada pelo mesmo Lênin no primeiro semestre daquele ano. Em novembro, a revolução se concretiza(outubro no calendário juliano) e a recém-nascida URSS começou a combater os exércitos brancos de Kornilov e Wrangel. Ascende ao poder o politburo composto por Lênin, Stálin, Trótsky, Zinoviev e Bukhárin. Ocorre também a intensa repressão dos bolcheviques contra os marinheiros da frota do Báltico e contra os anarquistas ucranianos de Makno e Arshinov. Com a morte de Lênin, após a definitiva luta interna pelo poder na URSS, resta somente Stálin o qual promove uma feroz ditadura promovendo o culto de sua própria personalidade, o stakanovismo e o populismo dos comissários do povo. Nos anos 20, a URSS vivenciou a NEP(nova política econômica) e a estratégia de "um pé atrás e dois para frente". Historicamente, a URSS enfrentou várias crises, tais como as questões húngara, tcheco-eslováquia, ioguslávia e polonesa, configurando conflitos políticos, ideológicos e institucionais envolvendo os países componentes da "cortina de ferro"(para os ocidentais) até o ano de 1990, quando a URSS entrou definitivamente em colapso sob a égide do chanceler Mikhail Gorbachev. A ditadura totalitária de esquerda implantada na União Soviética levou a cabo a denominada "Guerra Fria" contra o seu grande opositor, os Estados Unidos da América. Enquanto o Ocidente compunha sua sociedade bélica denominada NATO(organização do tratado do atlântico norte), os russos revidavam com a criação do Comintern como sua liga militar. Essa hostilidade aberta associada ao fato de ambas as superpotências reunirem um enorme arsenal bélico e militar de natureza nuclear quase levou em várias ocasiões o mundo à possibilidade objetiva da derradeira realização do Armagedom final o que acabaria finalmente com o planeta Terra, no chamado "adiantamento do Relógio do Apocalipse" como na questão dos mísseis soviéticos a serem situados em território cubano no governo do chanceler russo Nikita Kruschev.
A Revolução Alemã:
O terrível fato de a Alemanha estar dramaticamente situada na guerra mundial levou os militantes comunistas mais à esquerda do Partido Social-Democrata Alemão(e o social-patriotismo de Lassale, Bernstein e Kautsky) que por chauvinismo votou a favor dos créditos de guerra compondo forças junto ao governo do príncipe Max DeBaden, aqueles comunistas, recebendo abertamente os ventos bolcheviques provenientes da Rússia, resolveram se associar num coletivo initulado Spartacus ou Liga Espartaquista sob o comando da revolucionária polonesa Rosa de Luxemburgo, junto ao seu camarada Karl e seu camarada e amante Leo. Era então o ano de 1919 e na capital alemã a sedição espartaquista alcançou apenas alguns jornais e, sem apoio popular, foi perdendo força até a derrota final que culminou com a morte de Rosa e Karl pelos Freikorps(milícias armadas de direita na Alemanha evadidas do front). Nos despojos da revolução alemã que abortara surgiu a república de Weimar, frágil e comprometida com o exército nacional(Reichswehr) e a nobreza junker. Essa república enferma, mortamente ferida pela direita, caiu definitivamente com a ascensão de Adolph Hitler ao poder no ano de 1933.
A Revolução Espanhola:
Iniciou-se do golpe de direita sobre o governo socialista de Largo Caballero(um trabalhador estuquista). Uma frente de esquerda foi composta integrando partidos tais como o socialista, o comunista, os puramente trotskistas(o POUM, por exemplo) e os ditos federalistas. Sendo apartidários, os anarquistas atuaram através do sindicato CNT e seu braço ideológico, a FAI(a central sindical socialista, a UGT, também participou). A direita representada pelas tropas do general Francisco Franco, denominadas a Falange, apoiada por Castela(terra dos reis espanhóis), invadiu a Espanha via Gibraltar e enquanto o governo socialista pedia tempo para contemporizar, a CNT-FAI já estava nas ruas para defender a legalidade, pedindo prédios nas principais cidades da Espanha para resistir. Barcelona caiu nas mãos dos anarquistas em 33 horas de combate, no final desse tempo a municipalidade foi tomada sob a mira de uma peça de artilharia obtida de assalto. Como já dito em outra ocasião, a Espanha muito progrediu social e economicamente no período em que esteve nas mãos da frente popular revolucionária. Por exemplo, triplicou-se o número de crianças na escola, os têxteis foram introduzidos na indústria ibérica, médico e medicação, inclusive a eletricidade, tornaram-se grátis na Espanha de então. Durruti era o nome do grande militar e estrategista anarquista, o qual foi um talentoso comandante revolucionário. Contudo, Franco solicitou a presença de tropas alemãs sob o poder de Hitler para ajudá-lo a vencer a guerra na Espanha. A cidadezinha de Guernica simbolizou o triste exemplo de covardia e barbárie do nazismo em território espanhol. Descendo do norte ibérico, quatro colunas franquistas marcharam sobre Madri, na batalha na qual a sorte da frente popular passou a ser decidida(é dito que uma "quinta coluna" resolveu o conflito, sendo essa composta pelos traidores da causa revolucionária, daí o emprego dessa desinência). De Madri para o sul, tudo se configurou numa questão de tempo. A queda final de Barcelona na Catalunha decidiu o desfecho da guerra. Logo após Franco tomar o poder, iniciou-se uma grande repressão e perseguição dos militantes e combatentes de esquerda. Passaram-se muitos anos até a Espanha poder conquistar novamente um regime livere e democrático.
A Revolução Chinesa:
A China histórica sempre foi apenas uma colônia dos ingleses(na embaixada inglesa em Pequim estava escrito: "proibida a entrada de cães e chineses") até o ano de 1949, quando, sob a égide de Mao Tsé-Tung desenvolveu-se uma revolução de natureza socialista naquele país. Curiosamente tanto a revolução chinesa como a revolução russa contrariaram a previsão de Marx que dizia que a revolução socialista iria ocorrer em países onde o capitalismo estava mais desenvolvido, como nos EUA ou na Inglaterra, por exemplo. O que aconteceu foi o contrário, Rússia e China eram países muito pobres quando aquela revolução aconteceu. O regime comunista chinês continua vigente até hoje, a governar um bilhão de seres humanos. Em 1968, houve um movimento de unificação e renovação ideológica denominado "Revolução Cultural", tendo como literatura básica o pequeno "Livro Vermelho" de Mao-Tsé-Tung. Há alguns anos atrás houve uma grande repressão a militantes oposicionistas do regime vigente ocorrido na denominada "Praça da Paz Celestial", o que vitimou muitos. Atualmente, o governo chinês está em conflito com os monges tibetanos liderados pelo Dalai-Lama, assumindo estes últimos uma intenção aberta de liberdade civil e republicana.
A Revolução Cubana:
Cuba era apenas um ponto de turismo dos EUA os quais tinham como colaboracionista o ditador Fulgêncio Batista. Começando uma sedição a partir das montanhas(fato que originou a teoria foquista de guerrilha), Fidel Castro e Ernesto Guevara depuseram aquele ditador e, vencendo a revolução, se declararam marxistas-leninistas e se aproximaram da URSS, afrontando os EUA no fim da década de 50. Daquela dupla só restou Fidel Castro, Ernesto "Che" Guevara morreu na guerrilha sul-americana no fim da década de 60. Depois de dezenas de anos com grandes dificuldades endêmicas e estruturais, Cuba quase nos estertores sobreviveu à derrocada da URSS embora desenvolvesse aspectos sociais funcionais muito relevantes, tais como a medicina social e também a psiquiatria. Históricamente, os EUA têm mantido um embargo total com relação à Cuba o que está prestes a acabar no governo do sucessor de Fidel, Raul Castro. O atual recém-eleito presidente dos EUA, Barack Obama, já tem esboçado interesse em dialogar com Cuba. Fidel Castro tem se retirado recentemente da política por motivo de saúde.
O Maio de 1968:
Uma pedra atirada na polícia de choque em frente à Sorbonne desencadeou um movimento rebelde na França sem precedentes. Inclusive todos os partidos de esquerda foram apupados e ridicularizados pelos estudantes, que gritavam palavras de ordem como "é proibido proibir", "imaginação ao poder" e "sou marxista da tendência Grouxo". O Quartier Latin ardeu em chamas, estudantes e trabalhadores marcharam pelo Arco do Triunfo às centenas de milhares, lançando contra a polícia pedras, paralelepípedos e coquetéis molotov. O judeu-alemão Daniel Con-Bendit liderou os rebeldes naqueles dias lancinantes. Universidades e fábricas, essa últimas como a Renault(que sediou campeonatos de retórica), deram-se as mãos naqueles eventos revolucionários e no afã por mudanças foram fundadas vários sucedâneos da Sorbonne em território francês. O governo do marechal De Gaulle tentou reprimir as multidões rebeladas e conseguindo, tornou o movimento mais e mais enfraquecido. A classe média já se encontrava cansada de tanto confronto político aberto e desorganização e pediu o fim do conflito rebelde. Os filósofos J.P. Sartre e sua companheira Simone participaram naqueles dias apoiando o movimento rebelde. O legado do Maio de 68 é sua identificação com a teoria e prática libertárias e se configura até os dias de hoje como um exemplo a ser seguido(o conceito político de "minoria ativa" para a esquerda foi claramente evidenciado naquela insurreição).
A Revolução Sandinista:
Num movimento com base na saga do revolucionário Sandino, em 1979 Daniel Ortega, o chamado Capitão Zero e seus homens se insurgiram contra a ditadura local e invadiram o palácio do governo em Manágua, inaugurando a gestão revolucionária sandinista com auxílio militar e logístico de Cuba e da URSS(Zero posteriormente trocaria de lado e integraria as forças de reação à revolução sandinista). A Nicarágua também passou a cooperar com as forças guerilheiras que lutavam em El Salvador. Posteriormente, Violeta Chamorro fez o quadro revolucionário se inverter, instaurando novamente um governo liberal, de essência democrática e popular. Os EUA tentaram intimidar militarmente a Nicarágua sandinista realizando posicionamentos estratégicos de suas forças navais no Caribe. Também no governo Reagan houve o escândalo Irã-contras no qual foi indiciado o Cel. Oliver North.
A Revolta Polonesa:
Já em 1971 e depois em 1980, aconteceram confrontos e disparidades políticas entre a URSS e a sociedade polonesa, culminando com um movimento de confronto que centrou-se na cidade portuária de Gdansk(em alemão, Dantzig, a mesma localidade que Hitler intentou anexar à Alemanha sendo sua invasão o motivo para que a segunda guerra mundial iniciasse). Seu líder foi Lech Walesa e o sindicato Solidariedade comoveu o mundo todo por sua singela resistência contra a poderosa União Soviética. Isso aconteceu em 1982, e a repressão soviética foi intensa, sob a égide do interventor general Jaruzelski. Muitos membros do sindicato Solidariedade foram presos em cadeias e hospícios ou então exilados, finalmente o movimento político de oposição ao Cominter foi neutralizado e extinto. Essa iniciativa polonesa teve como antecedentes históricos a revolta na Hungria e 1956 e da Theco-Eslováquia no ano de 1968, como povos periféricos esmagados pela URSS os quais se revoltaram(Spartacus).

sábado, 18 de abril de 2009

As Nações e o Poder da Tecnologia Nuclear

A radioatividade foi descoberta no século XIX Por Marie Curie, Henrì Curie, Bequerel, Soddy e outros cientistas e aquela estava fundamentalmente associada a núcleos atômicos pesados, tais como o urânio e o plutônio, por exemplo. Naquela época, não se sabia dos efeitos maléficos da radiatividade nos corpos humanos e na natureza, os seus pioneiros estudiosos transitavam pelos corredores das universidades levando pedaços de urânio e outros metais radioativos nos bolsos. Madame Curie morreu devido à radiação dos raios X quando ela mesma realizava exames com essa forma de radiação em soldados feridos na primeira guerra mundial. Contudo, numa abordagem físico-matemática, concluiu-se que uma enormes quantidades de energia poderiam ser obtidas a partir do colapso daqueles núcleos atômicos.Assim, alcançou-se a fissão nuclear(nos EUA, por E. Fermi e colegas, na Alemanha por Lise Meitner e colegas). Tanto os EUA como a Alemanha fomentavam um projeto de desenvolvimento do poder atômico, embora naquele último país, sob a égide de W. Heisenberg, o processo de construção dessa tecnologia estava muito defasado comparativamente àquele dos EUA(Heisemberg boicotou ao máximo a construção de armas nucleares). De fato, a tecnologia nuclear pode servir tanto para a paz como para a guerra. Albert Einstein, em carta ao presidente dos EUA, alertou sobre a possibilidade da Alemanha nazista obter uma arma de proporções destrutivas inaudita e assim, no início da década de 40, principiou-se o Projeto Manhattan, congregando-se no Novo México(Alamogordo) uma plêiade de cientistas com o objetivo de construir um artefato bélico de essência atômica. A primeira bomba daquele tipo foi denominada "jumbo" e detonada no deserto de Los Álamos(a primeira "pilha atômica" já havia sido elaborada por E. Fermi há algum tempo atrás). Com o objetivo de abreviar a guerra e também impedir geopoliticamente que a URSS alcançasse o Oriente, detonou-se duas bombas atômicas nas cidades de Hiroshima e Nagazáqui, vitimando 140.000 e 80.000 pessoas, respectivamente (as bombas se chamavam "homem gordo" e "meninão", de 20 quilotons cada). Até então, só os EUA detinham a tecnologia nuclear mas com a espionagem do casal Rosemberg, a URSS também obteve tal conhecimento tecnológico. Com base nas equações de Teller e Ulam, construiu-se a bomba de hidrogênio, tão poderosa que a específica bomba atômica lhe serve apenas como detonador. Ainda mais tarde, foi concebida a bomba de nêutros, que destrói a vida circundante preservando-se os bens materiais inanimados. Assim, com fantásticas ogivas nucleares de muitos megatons, EUA e URSS estabeleceram um ameaçador e instável equilíbrio político e militar que se denominou "Guerra Fria", a qual durou até o colapso da URSS no fim dos anos 80(o armamento nuclear tinha o poder cumulativo de destruir várias vezes o planeta Terra). Os EUA também intentaram construir um escudo celeste denominado "guerra nas estrelas" com o objetivo de deter possíveis mísseis soviéticos a incidir sobre o território norte-americano. Hoje em dia, várias nações tem realizado a construção de artefatos nucleares, militares ou não, tais como o Paquistão, a Índia, o Irã, a Coréia do Norte e outros. O Brasil também tem concebido seu projeto nuclear, com as usinas de Angra dos Reis e possíveis submarinos nucleares, desenvolvendo por si próprio o processamento do urânio. em 1971, o Brasil importou sua primeira central nuclear dos EUA(WhiteWestinghouse) e em 1975, a segunda da Alemanha(UnionKraftwerk), essa última com a promessa(não cumprida) de transferência de tecnologia, foi no governo Geisel que isso aconteceu. Atualmente, a central de Angra dos Reis tem funcionado, embora apresentando alguns acidentes periódicos efêmeros ou circunstanciais(o reator empregado em Angra é do tipo PWR(reator de água pressurizada). Contudo, o mais grave acidente nuclear no Brasil aconteceu em Goiânia, quando um grupo de donos de ferro-velho invadiram uma clínica radiológica abandonada e dali furtaram um artefato terapêutico à base de Césio 137 e, violando a cápsula, entraram em contato direto com a substância radioativa. Alguns morreram e outros ficaram gravemente enfermos. Voltando ao contexto internacional relativo ao poder atômico os EUA, tementes da competição, pressionam e combatem quaisquer outros países que tentam conceber armas ou reatores nucleares. Embora passíveis de produzir energia barata, os reatores nucleares apresentam vários aspectos perigosos. Muitos reatores têm colapsado em acidentes terríveis, tais como em Windscale, Three Mile Island, Chernobyl e também Goiânia, este último como visto acima. Outro sério problema ambiental são as detonações de bombas A e H subterrâneas e na superfície de terra e mar. Isso tem acontecido historicamente no Atol de Bikini e no Atol de Mururoua. O coletivo ecológico Greepeace tem corajosamente se situado no possível epicentro da explosão a fim de impedir os países de realizá-la. Recentemente, na Franca, a embarcação do Greenpeace foi criminosamente afundada quando ancorada no próprio porto. O emprego pacífico da energia nuclear é algo ainda muito controverso embora ainda seja uma fonte de energia considerada alternativa, contudo pouco segura para os seres humanos e para o meio-ambiente (Spartacus).

A República Conservadora dos EUA

Os Estados Unidos da América se independizaram em 1776 do domínio inglês e a sua primeira Constituição da Confederação formulada por Thomas Jefferson continha os ideais iluministas daquele século. Contudo, as classes dominantes se sentiram incômodas com o caráter liberal daquela carta e resolveram modificá-la, elaborando uma nova Constituição. Esta última deveria ter uma aparência liberal superficial ocultando um caráter sumamente conservador. Assim, realizou-se um debate nos jornais de Nova Iorque e os conservadores Alexander Hamilton, James Madison e John Jay, sob o pseudômino coletivo de "Publius", no intervalo de 1787 a 1788 propuseram uma nova Constituição que foi finalmente ratificada. Segundo sua essência conservadora, por exemplo, as mulheres e os negros obtiveram direitos políticos e acesso ao sufrágio eleitoral muito tardiamente. Segundo o pensador político Alex de Tocquevile, neste tipo de república como a dos EUA, "o povo progride de modo ilusório, na realidade nunca conseguindo alcançar o poder". Com base nesta organização política interna, os EUA se tornou uma república imperialista e também a nação mais poderosa do mundo, intervindo politicamente e militarmente no restante dos países existentes. Juntamente com a URSS, promoveu a "Guerra Fria", intervindo paroquialmente em várias guerra pequenas e periféricas, contudo evitando o confronto frontal com aquela potência antagonista. Sua política externa nas Américas, África e no Oriente reflete a intenção imperialista de intervir e governar o mundo todo, desde os tempos de Theodore Roosevelt(política do Big Stick) até os dias de hoje(Spartacus).

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Essência Crítica do Capitalismo Universal

Embora existindo comércio desde os tempos mais antigos, é no fim da idade média e no início da idade moderna que o capitalismo passa a ser definido. Este pode ser classificado em várias modalidades, a saber, em ordem, o mercantilismo, o industrialismo e o tipo financeiro, este último considerado sua forma mais avançada, co-adjuvante à fase exploratória colonial denominada imperialismo. Em tempos muito pretéritos, os mercadores vindos do Oriente e aqueles provenientes do Mar do Norte convergiam para a planície francesa da Champagne a fim de comercializar suas mercadorias(uma novidade nessas feiras foram as bancas que não mais comerciavam bens mas trocavam moedas, num enfoque puramente financeiro). As rotas das Américas e do Oriente suscitaram um intenso colonialismo de tipo predatório e extrativista(civilizações inteiras foram dizimadas), embora a ocupação dos EUA pelos ingleses não se caracterizou por aquela destrutividade colonialista. A saber, existiram duas corridas coloniais, uma na idade moderna(a partir do século XVI) e outra na idade contemporânea(a partir do século XIX). A primeira foi motivada pelo bloqueio da rota mediterrânea pelos turcos forçando outras rotas, por exemplo, ao sul(vencendo-se o cabo das tormentas) ou ao oeste(realizada após a descoberta das Américas). O continente americano, a África, o Oriente próximo e o distante foram palco de intensa atividade comercial(tendo como um antecedente histórico os fenícios na antiguidade, os quais se supõe ter visitado a América muito antes de Cristóvão Colombo). De acordo com Eric Hobsbaum, imediatamente antes da revolução industrial inglesa ou no século XVII, o capitalismo vivenciou um processo crítico ou depressivo, finalmente progredindo para aquela revolução industrial. O processo industrial inglês possibilitou a transferência do ouro lusitano e hispânico para a Inglaterra, devido à comercialização de bens industrializados. Para Adam Smith e Quesnay, por exemplo, o capitalismo de sua época pode ser definido como liberal ou fisiocrata("deixe fazer, deixe passar, o mundo segue por si mesmo"). Assim, a lei da oferta e da procura reinava paradigmática e soberanamente. É a partir de David Ricardo que a economia passa do mercado para a produção, com o conceito ricardiano de "mais-valia". Verifica-se que Karl Marx tomou de Ricardo esse conceito e o agregou à sua filosofia materialista dialética da sociedade e da economia. Assim num modo fundamental, com o conceito de mais-valia, Marx realizou uma leitura radical da história da humanidade, com base no paradigma econômico universal. Sua obra "O Capital" marcou época no século XIX. Neste século, o comunismo, o socialismo e o anarquismo, ideologias de esquerda instituintes pairavam sobre a sociedade européia assombrando o capitalismo instituído. Mas é nesse contexto que ocorre uma reação na teoria econômica, transferindo o eixo desta novamente do mundo do trabalho(produção) para o mercado, nas teorias de Jevons e Walras. Contudo, é no fim dos anos vinte do século XX que o capitalismo mundial sofre o seu maior revés histórico. Mais precisamente no ano de 1929, quando a bolsa de valores de Nova Iorque quebrou, levando à quebra das outras remanescentes em todo o mundo capitalista. Isso se deu devido a disparidade entre a realidade comercial e produtiva e o regime de valorização das ações no mercado de capitais nos EUA. Um grande progresso econômico vivenciado pelos EUA no pós-guerra, quando este país fornecera bens em geral à Europa em construção começou a sofrer uma desaceleração progressiva quando os EUA passaram a vender bens de capital àquele continente o qual começou a produzir os outros bens em geral por si mesmo, dispensando paulatinamente as exportações dos EUA. Houve então um dia no qual tudo se esclareceu e veio à luz, a denominada "quinta-feira negra", quando todos os acionistas nas bolsas dos EUA correram para vender suas ações e assim elas não valeram mais nada. Isso se deu no ano de 1929. Segundo o economista inglês John Maynard Keynes, para vencer a crise o Estado deveria tomar as rédeas da economia capitalista, controlar juros, emprego e moeda, intervir no processo econômico com o risco daquela economia sofrer um colapso final e irredutível. O próprio Keynes trabalhou no sistema de tabelamento de preços nos EUA. A iniciativa do governo Roosevelt para sanar a economia norte-americana centrou-se nas seguintes decisões: primeiro, devido à contração do crédito, a moeda nacional se super-valorizou relativamente às mercadorias e assim, Keynes, desvalorizou o valor-ouro do dólar e mandou destruir literalmente grandes quantidades de bens comercializáveis a fim de aproximar mais a moeda da produção(as ruas de Chicago foram inundadas de leite; aqui no Brasil, Vargas queimou grandes quantidades de café). Segundo, combateu o desemprego criando postos de trabalho em obras públicas: o Estado capitalista moderno passou então dramaticamente a existir. Contudo, os EUA só saíram da depressão dos anos 30 na segunda guerra mundial quando voltou a exportar bens para a Europa em conflito. Atualmente, em 2008, a partir da crise imobiliária e a quebra inicial de um banco que aceitava inadimplentes, a economia norte-americana entrou em colapso e uma nova crise econômica mundial se ocorreu no universo capitalista, num processo de quebra-quebra do tipo dominó num mundo totalmente globalizado. Os Estados em todo o mundo estão conjuntamente colocando bilhões e bilhões de dólares nas suas economias para salvar mercados e empresas, tais como as três principais montadoras de Detroit. A desinência "recessão" já está sendo abertamente empregada no mundo todo, teme-se de fato a condição de depressão econômica a se originar a partir dessa recessão(esta é o arrefecimento do crescimento econômico enquanto aquela é a estagnação deste crescimento). Estes fenômenos de crise apontam categoricamente para a existência de uma realidade aleatória, imprevisível, nociva, destrutiva e perversa do sistema capitalista, fato agravado pelo caráter global que condiciona o capitalismo universal em sua plena atualidade, a saber, o denominado capitalismo "neo-liberal".
P.S.: o Brasil, como economia dependente e periférica, sofre economicamente desde os tempos coloniais, vice-reino e república. Essa condição se estende por praticamente toda a sua história na comunidade de nações. É a partir de uma inflação de 100% que os militares deram o golpe de Estado em 1964. A necessidade da obtenção de dólares para pagar o serviço de uma dívida externa cada vez mais crescente forçou os sucessivos governos a inflacionar intencionalmente a moeda nacional a fim de satisfazer os setores exportadores a partir dos quais aqueles dólares eram originados, manter a inflação em 100% representou uma condição de sobrevivência. Isso ocorreu em continuidade à ditadura militar com planos econômicos como aqueles dos anos 70(cruzeiro novo), plano Cruzado, Plano Bresser, plano Verão e o plano Collor. É a partir da década de 90 que, sob a égide do ministro F.H. Cardoso que se realizou o plano Real que sanou definitivamente a economia nacional e zerou de fato a inflação. Como asseverado em artigo anterior, o presidente Lula tem tentado dar continuidade às condições econômicas originadas no período de governo do presidente Itamar Franco, quando F.H. Cardoso era o então ministro da economia(o plano Real foi simples, assumiu-se o atual valor do dólar naqueles dias, ele então valia Cr$ 2.750, criou-se a Unidade Relativa de Valor(URV) valendo aqueles Cr$ 2.750 e determinou-se a identidade dos Cr$ 2.750 com 1.0 Real, este último perfazendo finalmente a unidade monetária nacional e realizando deste modo a extinção da carga inflacionária existente).(Spartacus)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Sobre o Movimento Reacionário de 1964

No início dos anos 60 o Brasil era governado pela dupla Jânio Quadros e João Goulart e a renúncia do primeiro associado à ascensão ao poder do segundo gerou uma crise institucional sem precedentes. Para neutralizar o poder de Goulart, foi proposto um plebiscito a fim de ratificar ou não o parlamentarismo. Contudo, esse regime alternativo foi rechaçado. A ilusória ameaça do comunismo rondava as mentes dos militares brasileiros como uma verdadeira fobia e o presidente João Goulart era mal visto pelas forças armadas. Sua visita à China e o derradeiro comício da Central do Brasil foram a gota d´água que desencadeou a reação militar. Realizou-se o movimento nacional da Legalidade, com sede principal no RGS e comando de Leonel Brizola(Miguel Arraes no Nordeste também protestou). Este movimento defendia o mandato soberano do presidente João Goulart, este último decidindo renunciar para evitar uma guerra fratricida. Assim, refugiou-se no Uruguai, seguido de Brizola e portanto a resistência contra o movimento militar reacionário abortou. Assim, em 31 de março de 1964 os militares brasileiros realizaram um golpe de Estado sobre as instituições democráticas do Brasil, sendo apoiados pela política externa dos EUA(operação Brother Sam, verificou-se uma movimentação militar aérea e naval norte-americana sobre o território brasileiro). Assim, o Congresso foi fechado e as garantias políticas individuais foram suspensas, sendo o general Castelo Branco o primeiro presidente da revolução militar. Até o período de governo do segundo presidente militar, Costa e Silva, as liberdades políticas foram relativamente conservadas e já se pensava em abertura política. Contudo, com a controvertida morte desse último presidente(foi muito questionado como se deu a sua sucessão) e a ascensão ao poder do general Médici(de ultradireita) ocorrera segundo a análise de Leonel Brizola, houve "um golpe dentro do golpe". Assim, promulgou-se o AI-5 e o édito 477 como instrumentos totalitários de repressão a políticos e estudantes. O congresso dos estudantes da UNE foi dissolvido e os estudantes presos. Muitos brasileiros foram banidos e se exilaram no exterior. No governo de Médici vivenciou-se um imenso patriotismo ufanista("Brasil, ame-o ou deixe-o") e financeiramente ocorreu o chamado "milagre brasileiro" sobre a égide de Delfim Neto. A guerrilha ocorria em regiões no interior do Brasil mas ninguém sabia de nada. É nesta época a vitória futebolística do Brasil no México, conquistando o tricampeonato mundial na Copa de 70. Desde o início da ditadura até a metade dos anos 90, a inflação foi o algoz que fustigava a população brasileira, conservando-se sempre próximo ao índice de 100%. Isso ocorria porque a principal fonte de dólares eram os exportadores e para se motivarem e acharem conveniente exportar, o dólar devia estar muito valorizado em relação à moeda nacional de modo a obterem grande quantidade desta no câmbio com os dólares do comércio exterior os quais finalmente chegariam às mãos do Banco Central para pagar apenas o serviço da dívida externa e nada mais. Essa foi a dinâmica econômica dos tempos de ditadura no Brasil. Médici foi sucedido por Geisel, o qual promoveu a controvertida construção das usinas nucleares em Angra dos Reis. Após a morte de Vladimir Herzog e sua grande repercussão, o presidente Geisel ordenou imediatamente o fim da tortura. O último presidente militar foi João Figueiredo, o qual foi encarregado de promover a abertura e o retorno dos exilados ao Brasil. Essa transição foi muito controvertida, houve episódios dramáticos tais como o atentado do Rio-Centro, por exemplo. Já no ano de 1984, o Congresso Nacional elegeu indiretamente Tancredo Neves como presidente da República, o qual veio a falecer dias depois, sendo sucedido pelo vice-presidente José Sarney. A gestão de Sarney, sob a égide do ministro Maílson da Nóbrega(Plano Verão), foi cabalmente catastrófica na área econômica. O Brasil somente experienciaria um derradeiro contexto democrático com a eleição livre para presidente ocorrida em 1989, no qual Luís Ignácio Lula da Silva e Fernando Collor de Melo se degladiaram, resultando infelizmente esse último candidato de extrema direita como vitorioso(o chamado Plano Collor foi um verdadeiro desastre, ele confiscou as poupanças em todo o Brasil e foi indiciado com um impeachment devido ao comportamento lobista de PC Farias na presidência da República. Finalmente, a economia brasileira somente tomaria prumo na gestão do vice-presidente de Collor, Itamar Franco, pois Collor de Melo fora excluído da presidência. Itamar teve como ministro da economia o professor Fernando Henrique Cardoso, o qual promoveu o denominado "Plano Real"que baniu categoricamente e de modo histórico a inflação da economia brasileira. Ascendendo ao poder após dois mandatos sucessivos de Cardoso, o ex-sindicalista Lula que atualmente governa o Brasil em seu segundo mandato(2009) tem tentado de um modo razoável conservar a obra de Cardoso na esfera econômica e social do Brasil contemporâneo(Spartacus).





segunda-feira, 13 de abril de 2009

Para Entender a Guerra Fria

Já no final da segunda guerra mundial se delineava um contorno geopolítico inaudito que modificaria radicalmente o mapa mundi do globo terrestre. À revelia da Europa do pós-guerra, emergiram soberanos os Estados Unidos e a União Soviética e as bombas atômicas deflagradas sobre o Japão em 1945 claramente significaram uma tentativa de intimidar e impedir que a URSS se apoderasse de uma fatia significativa do Oriente. Depois da revelação do segredo da bomba pelo casal Rosemberg, a URSS também adquirira armamento nuclear e não só a bomba de fissão mas, a partir da concepção de Teller & Ulam, uma arma ainda mais potente, a bomba de Hidrogênio foi também concebida(a saber, a bomba de fissão é somente o detonador da bomba H). Por conseguinte, somados os poderes de destruição de ambas as superpotências(assim denominados os EUA e a URSS), daria para destruir várias vezes a superfície da Terra(inclusive a hipotética "Sindrome da China"). Ogivas como Cruiser e Pershing II, de várias dezenas de megatons, foram direcionadas para várias capitais do Leste Europeu e, vice-versa, para o Ocidente. Uma estrutura de neutralização de mísseis, denominada "Guerra nas Estrelas", foi constituída como um escudo celeste para defesa do território dos EUA. Sendo completamente devastador um confronto direto entre EUA e URSS, passaram a ocorrer várias contextualizações bélicas em países circunvizinhos que funcionaram como tentáculos exteriores às superpotências, assim agrupamentos de sustentação militar foram concebidos, no lado dos EUA e da URSS e assim pequenas e periféricas guerras paroquiais foram levadas a cabo de um modo quantizado e de localização variada no mapa geopolítico do mundo. Essa mistura delicada de hostilidade e assuntos diplomáticos no mapa mundi terrestre foi denominada "Guerra Fria". Assim, a guerra da Coréia, a guerra do Vietname, a guerra do Camboja, a questão de Cuba, a questão da Nicarágua, a questão de El Salvador, o contexto do Irã, do Afeganistão, dos países africanos, da América Latina, da Palestina e outros sítios foram expressões paroquiais da Guerra Fria. Verificou-se que logo após a segunda guerra mundial, a Alemanha se dividiu em duas partes e Berlim, em vários setores. Contudo, os EUA por seu lado permanecendo estável, não teve o mesmo destino da URSS que começou a vivenciar uma lenta agonia que se concluiu com a extinção final da União Soviética. A Alemanha foi reunificada com a abertura dos portões de Brandemburgo em 1989 e a URSS foi finalmente extinta em 1990 sob a égide do chanceler M. Gorbachev. Mesmo com alguns revérberos de virtual hostilidade entre os EUA e a atual Rússia, considera-se finalizada a Guerra Fria nos acontecimentos políticos e diplomáticos dos anos 1989 e 1990(Spartacus).

domingo, 12 de abril de 2009

As Origens do Totalitarismo Moderno

Podemos enumerar três vertentes do totalitarismo ocidental, a saber, o fascismo italiano, o nacional-socialismo alemão e a ditadura totalitária de esquerda na União Soviética. Inspirado na república imperial romana, sob a égide de Benito Mussolini, a Itália submergiu num contexto ditatorial que, entre outras coisas, eliminou a representação democrática na Itália, os partidos políticos em geral(com a perseguição de todos os políticos opositores ao regime), o culto à vontade de potência(Nietzsche) e à máquina(futuristas) e somente permitiu à sociedade civil sua representação ao poder sob a forma corporativa(o povo se apresentava enquanto produtor, não com ênfase política).
O facismo do tipo alemão recebeu o nome de "nacional-socialismo", é a partir do Putsch de Munique, um blefe de Adolph Hitler e seus acólitos e a prisão daquele, a edição programática de suas idéias de direita(na obra "Minha Luta") e o progressivo avanço eleitoral baseado na crescente miséria material e moral do povo alemão que conduziu Hitler a chancelaria do Reich e, logo após, ao cargo de Füerer(líder e salvador da pátria alemã).
O povo alemão, por não ter nenhuma tradição de liberdade política, sendo sua primeira experiência democrática a frágil e pouco duradoura república de Weimar, não hesitou em aceitar o canto de sereia do nacional-socialismo(ou nazismo) ofertado por Adolph Hitler e sua performance ilusionista. De 1933 a 1939, Hitler armou a Alemanha para o Armagedom, que culminou na segunda guerra mundial(setembro de 1939). Após invasões e abertura total de frentes no continente da Europa centro-ocidental, no leste eslavo, no Mediterrâneo e na África do Norte, as forças armadas nazistas foram sendo subjugadas até a capitulação alemã final em abril de 1945. O resultado geopolítico desta guerra foi a divisão da Alemanha em duas partes e a partição de Berlim em vários setores. Só em 1989 essa divisão acabou com a definitiva abertura dos portões de Brademburgo possibilitando a reunificação do país germânico e dando termo à histórica questão alemã.
Por sua vez, através da interpretação do marxismo feita por Lênin, após abandonar a frente leste na primeira guerra mundial, a Rússia fermentou um intenso processo revolucionário(já ensaiado em 1905) e, com a dissolução da Duma e a tomada do Palácio de Inverno, os comunistas revolucionários ou bolcheviques, liderados pelo mesmo Lênin, implantaram a "ditadura do proletariado" que logo se tornou a ditadura do partido bolchevique. Ali confundiu-se numa coisa só, Estado, Partido e Revolução. Do Politburo composto por Lênin, Trótsky, Bukharin, Zinoviev e Stálin, apenas este último sobreviveu e promoveu a unversalidade do "culto à personalidade", a ditadura do partido único, as coletivizações forçadas, o stakanovismo, a inclusão dos opositores em hospitais psiquiátricos ou na Sibéria, num verdadeiro e inaudito totalitarismo de esquerda. Com o fim do estalinismo, o surgimento do euro-comunismo, a progressiva abertura da URSS para o Ocidente e com o fim da "Guerra Fria" e a libertação dos povos periféricos da Cortina de Ferro(ou Cordão Sanitário para os soviéticos), finalmente, em 1990, sob a égide de Mikhail Gorbachev, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas foi extinta(Spartacus).

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O Anarquismo e a Filosofia Universal

Desde tempos mais remotos o homem busca autonomia e liberdade. A idéia de democracia e do direito surgiram na Grécia e Roma antigas a cerca de dois e meio milênios atrás. Sócrates, Aristóteles e Platão escreveram sobre política numa época na qual ainda existia escravatura sobre povos vencidos através de batalhas e em países ocupados militarmente(a denominada "Paz Romana"). Sócrates inclusive foi soldado, uma vez livrado da morte por Xenofonte. Na obra de Platão intitulada "A República", ele defendeu um regime político governado por filósofos. Na época de Cristo existira na Palestina ocupada a fraternidade dos Zelotas a qual lutava contra a ocupação romana naquela região. O próprio Cristo propôs uma postura existencial e vivencial apolítica, propondo a fé e a bondade como base de um intenso intimismo confessional. A partir de Jesus Cristo configurou-se as primeiras comunidades cristãs primitivas, as quais se supõe constituíram-se em singelo exemplo de "socialismo ácrata". Na idade média, o poder político se pulverizou e caiu nas mãos de inúmeros régulos, cada qual com sua própria lei, associado aos clérigos e ao lado desses oprimindo os campônios os quais eram vinculados à terra em que trabalhavam: o imaginário medievo se compôs de cavaleiros, sacerdotes e camponeses. Com o fim da idade média e o advento do renascimento europeu ocidental, numa retomada específica da antiguidade clássica, uma radical ênfase ao racionalismo tomou parte a partir de nomes como Descartes, Hobbes, Morus, Erasmo, Maquiavel, Cervantes e Campanella os quais intentaram promover na filosofia e no conhecimento universal os cânones do racionalismo científico. Mais tarde, no período denominado iluminismo, esse racionalismo se focou na política, na sociedade, na economia, na ideologia e na existencialidade humanas sendo de Rousseau a frase lapidar: "os homens nascem livres contudo os vemos agrilhoados em todos os lugares". Esse autor execrava aquele primeiro homem que demarcou uma erdade e a fez sua propriedade particular. As idéias do iluminismo francês cruzou o oceano atlântico e foi até a América do Norte quando e onde aquelas colônias inglesas se independizaram em 1776. Mais tarde, em 1789, a monarquia francesa colapsou através de uma grande e intensa revolução dotada de vários estágios. Ali se configurou uma primeira ênfase ácrata na chamada "Revolta dos Iguais", liderada por Graco Babeuf. Contudo, é no século XIX que o Anarquismo tomou lugar no contexto filosófico e político europeu, nas épocas de levantes datadas de 1830, 1848, 1868 e 1870, esta última dada chamada de "Comuna de Paris".Paralelamente a Marx(primeiramente um democrata radical e depois um comunista, com o seu "socialismo científico" ao lado de F. Engels), defendeu a causa socialista juntamente com os denominados "socialistas utópicos", representados por Fourier, Owen e Saint-Simon. Também, compondo sociedades secretas ou fraternidades, houve também Bakunin, Prodhon e Blanqui, o primeiro destes partilhando com Marx a liderança da primeira associação internacional dos trabalhadores(AIT). No século XX, a ideologia e prática anarquista tomou parte no episódio da frota do Mar Báltico(Kronstadt) e na revolução ucraniana(Makno e Arshinov). De 1936 a 1939, deu-se a revolução espanhola(chamada inadequadamente de "guerra civil") com a derrota das forças de esquerda, juntamente com a CNT e a FAI anarquistas. Houve movimentos libertários na na Hungria em 1956, na França(Maio de 1968) e na Polônia em 1971 e 1982(Lech Walesa e o sindicato Solidariedade). O Anarquismo, além de uma prática política(ação direta), é também uma filosofia canônica e também de vida, fortalecido e revigorado nas agremiações e associações apolíticas, sindicatos e ONGs que se engajam na luta dos indivíduos humanos contra toda as formas de opressão no planeta Terra(Spartacus).

O Anarquismo e a República Nacional

Depois de 21 anos de autoritarismo e alguns mandatos de regime neo-liberal, um governo dito de esquerda(Lula e seus epígonos) alcançaram o poder na república federativa do Brasil. Depois de décadas de economia inflacionária(Delfim Neto e seus permanentes 10o% de inflação para obtenção de lastros de dólar para pagar a dívida externa), a economia brasileira, sob a égide do presidente neo-liberal Fernando Henrique Cardoso, encontrou razoável estabilidade. O governo Lula deu continuidade a esse regime hipo-inflacionário embora envolvido em três dezenas de escândalos políticos em sua tumultuada gestão. Contudo, depois de décadas, voltamos a vivenciar um regime democrático em sua mais autêntica universalidade se considerarmos o que se pode obter sob a égide política da burguesia nacional. As eleições periódicas, a administração pública e a vida institucional do Estado e sua Federação parecem funcionar regularmente. Embora altamente especiado e elogiado a partir da comunidade exterior, esse contexto democrático não consegue organizar a vida pública - como existência econômica e social - dentro de suas próprias fronteiras. De um dado modo não circunstancial, essas mazelas sociais são organicamente constitutivas. Enquanto o Brasil inicia empréstimos bancários ao FMI, nosso país também vivencia enormes bolsões de pobreza no seu território. É óbvio que, por mais que façam seu canto de sereia para tentar convencer que querem libertar o povo da miséria, os partidos políticos visam exclusivamente o poder e nada mais. Contudo, existe um grupo de atuadores político-ideológicos, a saber, os anarquistas, que negam veementemente a política, seja ela de direita ou de esquerda, dos neo-liberalismos burgueses às ditaduras totalitárias de esquerda do tipo soviético. Inimigos de toda forma de poder e, assim, antagonistas do Estado, os anarquistas não se organizam em partidos e também não visam ao poder. Preferem se unir em associações e agremiações apolíticas, sindicatos e ONGs. Os militantes das organizações sindicais libertárias podem ser denominados "anarco-sindicalistas" e atuam junto aos anarquistas nos próprios sindicatos de trabalhadores. Tudo o que os partidos políticos específicos em suas nações não poderiam fazer, os anarquistas o podem se organizados em poderosos sindicatos nacionais. De fato, quaisquer guerras inter-imperialistas poderiam ser finalizadas em dias através de uma greve internacional de trabalhadores, cujos dias parados acarretariam prejuízos de bilhões de dólares aos cofres dos capitalistas paroquiais e internacionais. Esse é um dos papéis que os anarquistas podem exercer de maneira simples e direta, a saber, a própria atitude anti-política dos anarquistas é comumente denominada por "ação direta". Numa greve de milhares de trabalhadores ou num coquetel molotov arremessado contra a milícia repressiva, assim se faz presente o movimento anarquista ou libertário. Como "assaltantes do céu", os anarquistas não se deixam abater e confessam o sentimento de um antigo libertário o qual lutou na revolução espanhola que uma vez disse: "e o que importavam nossas vidas naquele momento se estávamos tão próximos do que queríamos"(Spartacus).

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O Anarquismo e o Meio-Ambiente

As ações da humanidade sobre a natureza até pouco tempo atrás esta completamente predatória (e infelizmente ainda é em grande parte), seguindo-se a sentença de Bacon que estabelecia que os fenômenos naturais deveriam ser colocados à prova no pelourinho. Verifica-se que a consciência ecológica é algo muito recente e ainda pouco respeitada. Coisas como a caça a animais(baleias, leões, elefantes, por exemplo) ou a expansão industrial - inicialmente na Inglaterra no século XVIII(carvão, vapor, ferro) e no século XIX(petróleo, eletricidade, aço) destruíram grande parte do mundo natural, especialmente recursos selvagens até então. A Inglaterra se dividira em uma parte verde(pastoril) e outra negra(industrial). O trem de ferro e o tear mecânico(Spinning Jane, Lançadeira Volante) fizeram rotas de transporte e produziram artefatos indistrializados que invadiram os mercados europeus remanescentes(assim, o ouro da Espanha se transferiu para o Reino Unido). Contudo, foi no século XX que surgiu o imperativo da consciência ecológica. As chamadas "organizações não-governamentais"(ou apenas ONG´s), tais como o Green Peace têm colaborado pela denúncia das devastações da natureza e pela defesa incondicional do meio-ambiente. Infelizmente, os abusos ao mundo natural seguem acontecendo de maneira impune(tanto a poluição do Rio Reno quanto aquela do Rio dos Sinos, a poluição de cidades industriais como Cubatão quanto detonações mesmo pacíficas de bombas atômicas(em Bikini ou Mururoua) ou acidentes em reatores nucleares(Whitescale, Three Mile Island, Chernobyl), lixo atômico e de outros tipos nos oceanos, caça ilegal e predatória de animais em anbientes selvagens cada vez mais exíguos). Também aqui no Brasil vivenciamos o grave problema da destruição da Amazônia e dos fenômenos meteorológicos radicais, vendavais, inundações, enchentes, tornados, furacões, ciclones que têm acontecido devido às agressões livres e abertas à natureza(veja a devastação que ocorreu em Santa Catarina, nas cidades ao longo do Rio Itajaí ou as tempestades ocorridas no estado de Lousiana, EUA devido a um grande furacão). Em 1992 ocorreu no Rio de Janeiro a Eco 92 que firmou acordos ecológicos do tipo Protocolo de Quioto mas os EUA não os assinaram para preservar sua poluente atividade industrial dentro de suas fronteiras. Infelizmente isso se deu.Se o mundo não estivesse dividido em nações-Estado e estas em partidos políticos, se existisse uma grande e totalmente abrangente associação mundial de trabalhadores, um possível Sindicato Total, apenas um único dia de greve geral por todo o mundo determinaria o fim da devastação ambiental em todos os quadrantes do planeta Terra através de um imenso, inevitável e invariável prejuízo que ocorreria nas nações capitalistas pelo mundo inteiro(Spartacus).

sábado, 4 de abril de 2009

História Concisa da Segunda Guerra Mundial

O revanchismo anglo-francês submetera a Alemanha do pós-guerra(1914-1918) a sanções gravíssimas contrariando a diplomacia norte-americana de Wilson("uma paz sem vencedores nem vencidos") e essa culpa histórica levou as potências ocidentais a fazerem vistas grossas ao progressivo desenvolvimento armamentista da Alemanha(por exemplo, os ensaios Panzer do general Von Guderian). De 1933 a 1939, a Alemanha se rearmou, inclusive ensaiando a guerra na revolução espanhola de 1936-1939. Uma dada série de ocupações bélicas ocorreram progressivamente segundo a lógica de rapina do imperialismo hitlerista, a saber, nas regiões do Sarre, dos Sudetos, da Alsácia-Lorena e na Tcheco-Eslováquia até a inevitável madrugada de primeiro de setembro de 1939, quando as forças militares nazistas invadiram a Polônia com o objetivo de anexá-la à Alemanha, num último movimento de ocupação para unir a cidade de Gdansk ao então império hitlerista(a saber, a Polônia já tinha sido dividida previamente entre Alemanha e URSS pelo pacto de Molotov-Ribentropp, o chamado "pacto impossível" porque nunca seria cumprido ou respeitado por nenhuma das duas partes). Neste momento, depois de muita demora, as nações ocidentais como a Inglaterra e a França, declararam guerra à Alemanha. Esta última compunha uma coligação com a Itália de Mussolini e o Japão de Hiroito, constituindo assim o denominado "eixo Berlim-Roma-Tóquio". A máquina de guerra alemã atuava segundo o conceito de "guerra relâmpago" e foi ocupando como podia os países europeus circunvizinhos. Enquanto um combate feroz assolava a Bélgica, Forças Panzer alemãs atravessaram a Floresta das Ardenas numa brutalidade inaudita, a França caiu em 1940, formando-se um governo colaboracionista em Vichy. Depois, a Inglaterra também foi fustigada e sua batalha foi principalmente aérea. O emprego do radar, exclusivo dos ingleses, derrotou os alemães nos céus britânicos. Em 1941, em três pinças(uma à oeste para Leningrado, outra central à Moscou e ainda outra a leste para Stalingrado) foram empregadas na invasão da Rússia. Contudo, o inverno russo finalmente derrotou os alemães. A primeira derrota se deu no front leste, com a capitulação do sexto exército do general Von Paulus. Deste modo, incluindo a derrota alemã nas frentes da Itália e da África do Norte, o front começou gradativamente a ser invertido e os alemães começaram a ser impelidos de volta ao seu território originário. Os russos vinham do norte destruindo tudo o que encontravam e esperava-se uma grande invasão na frente ocidental, só não se sabia por onde(devido a insistência das batalhas na Itália empregando forças multinacionais - Anzio, Monte Cassino, Monte Castelo e muitas outras - os alemães supuseram que tal invasão ocorreria através da Itália). Contudo, logo após a BBC recitar versos de Paul Verlaine e tocar acordes sinfônicos de Bethoveen, cerca de 100 mil homens no dia 6 de junho de 1944 cruzaram o Canal da Mancha da Inglaterra à costa normanda e invadiram a Europa iniciando a grande libertação dos povos até então em domínio nazista. Assim, do norte vinham os russos e do oeste os restantes aliados encabeçados pelos EUA formando duas pinças que alcançaram, depois de muitos combates, a cidade de Berlim que foi inteiramente destruída. Com o rompimento de todas as linhas alemãs, em abril de 1945 o front ocidental capitulou e, com a morte de Hitler, o herdeiro do Terceiro Reich, o Almirante Doenitz assinou o armistício incondicional. No Oriente, a guerra continuou até 6 de agosto de 1945 com a imediata capitulação do Japão depois da eclosão de duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazáqui. Nos estertores de uma geopolítica pretérita e nas primeiras luzes de uma nova ordem internacional, os EUA e a URSS se ergueram compondo uma geografia diplomática bilateral a qual evitara confronto direto entre essas duas superpotências no relacionamento estratégico conhecido como "guerra fria", quando pequenas guerras paroquiais entre nações periféricas patrocinadas por EUA e URSS contornavam o apocalipse derradeiro, o armagedom final ou a ocorrência vindoura da guerra total. Essa configuração geopolítica específica teve seu termo com a reabertura do muro de Berlim(1989), a reunificação da capital alemã e o fim do regime burocrático da nomenclatura soviética no ano de 1990.
P.S.: nesta segunda guerra mundial pereceram aproximadamente 40 milhões de pessoas e cerca de 6 milhões de judeus em campos de extermínio e concentração nazistas(tais como Auchwitz, Sobibor, Belsen-Blesen e Treblinka). Uma terrível mortandade judaica também ocorreu na queda do gueto de Varsóvia na Polônia. O Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, chefiado por Adolph Hitler mantinha, além de forças militares de combate(Wehrmacht), as SA(tropas de choque), as SS(tropas de elite) e a Gestapo(polícia política), esta última portando poderes ilimitados de busca, apreensão e morte na Alemanha e também na totalidade de todos os territórios ocupados pelo regime nazista. Ainda, paralelamente ao holocausto judeu, tanto na Polônia quanto na Rússia e adjacências o Estado nazista promoveu o extermínio dos povos de etnia eslava(Spartacus).

sexta-feira, 3 de abril de 2009

As Origens do Eurocomunismo

Conhece-se desde Marx, complementado por Lênin, que a revolução socialista deveria se dar através da ação político-ideológica de uma vanguarda ou minoria ativa que deveria conduzir a classe operária que com seu apoio político instauraria um poder de Estado revolucionário atribuível àquela vanguarda. Essa minoria vanguardista concretizaria o socialismo como estágio intermediário entre o capitalismo e o comunismo utópico. Esse socialismo corresponderia à denominada "ditadura do proletariado" a qual, na prática, seria a ditadura da referida vanguarda. A doutrina que assevera isso é chamada "marxismo-leninismo". Segundo esta teoria e, considerando-se a síntese ideológica de Plekhânov, existiriam cinco etapas atribuíveis às teses do materialismo histórico de Marx(referido filosoficamente ao seu materialismo dialético), a saber, o escravagismo, o feudalismo, o capitalismo, o socialismo e o comunismo final. Para o filósofo marxista Antonio Gramsci, essas etapas consistiriam na sucessão de "blocos históricos", em cada um dos quais uma classe se torna dominante, ascende ao poder de Estado, instaura seu respectivo controle político sobre a sociedade e encontra seu declínio final na perda de sua capacidade gerencial que caracteriza o ocaso de seu poder político ou hegemonia política. Tal indica a teoria do Bloco Histórico formulada por Gramsci. Contudo, em oposição ao dogma ideológico da "ditadura do proletariado", verificou-se nos anos 50 do século XX que o enfoque paradigmático soviético daquela ditadura não mais se verificaria no contexto europeu. Assim, para justificar a virtual e possível aliança entre o Partido Comunista Italiano e a Democracia Cristã, o teórico comunista italiano Togliatti estendeu as teses do Bloco Histórico de Gramsci para o conceito de Bloco de Poder, o qual permitiria aquela aliança entre esquerda e direita, denominada no contexto italiano como o "compromisso histórico". Assim, se originou o moderno comunismo europeu, chamado "Eurocomunismo". Ao invés de cabalmente vanguardista-revolucionário e distinto dos outros partidos comuns, o PCI seria mais uma agremiação política no contexto partidário italiano, partilhando no horizonte político nacional e continental do conceito universal de democracia como um valor absoluto a ser considerado intentando-se uma possível co-existência política sem fisiologismos, sectarismos ou parcialidades estamentais e ideologicamente constitutivas entre os coletivos partidários instituídos(Spartacus).