sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Breve Nota sobre o Maio de 68

À semelhança dos pretéritos anos 20, denominados "roaring twenties", os anos 60 foram de inaudita rebeldia, a grande agitação política e ideológica na França em maio de 1968 iniciou com uma única pedrada, quando estudantes da Sorbone começaram a enfrentar a polícia de choque também situada na frente da universidade. O regime autocrático do marechal De Gaulle nunca havia presenciado tanta ousadia. O Quartier Latin fervilhava, paralelepípedos eram arrancados das ruas e, junto aos coquetéis Molotov, eram arremessados contra os militares que tentava reprimir tais manifestações. Assim, estudantes, operários e damas da sociedade de colar de pérolas e tênis partilhavam posições nos confrontos de rua. Todos os partidos políticos, inclusive os comunistas e os socialistas foram achicalhados, apupados e rechaçados pelos estudantes revoltosos. Foram lançadas palavras de ordem como: "É proibido proibir" e "Sou marxista da tendência Grouxo". Os operários como aqueles das grandes fábricas francesas de automóveis(Renault, por exemplo), cruzaram os braços juntamente com outros setores trabalhistas na França. Cerca de um milhão de manifestantes cruzaram o Arco do Triunfo liderados por Daniel Con-Bendit, um estudante judeu-francês. As manifestações revoltosas se estenderam por algumas semanas e o caos social na sociedade francesa, a partir de sistemática oposição do governo gaulista, começou a arrefecer. As classes alta e média começaram a se indispôr com tanta desordem e enfrentamento e, aos poucos a vida social ia retomando a normalidade: o Maio de 68 projetara suas últimas luzes sobre a França. Destes dias lancinantes, restaram como legado além de uma aguda e penetrante consciência política revolucionária, inclusive algumas universidades livres que foram fundadas nos dias intensos rebeldes daqueles tempos. Con-Bendit teve como "companheiros de viagem" os filósofos franceses J.P. Sartre e sua companheira Simone de Beauvoir. Tal como as crises na Polônia, Theco-eslováquia e Hungria, a rebelião francesa de Maio de 1968 foi de incontestável signo libertário. A esquerda tradicional(inclusive aquela atribuída à URSS), apresentou-se como completamente inóqua e inclusive abertamente ridicularizada. Os estandartes negros do Anarquismo tremularam supremos em todos os quadrantes da França e mesmo reprimido severamente, o Maio de 68 deixou seu legado livre, aberto e incontestável(Spartacus).



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