terça-feira, 23 de junho de 2009

Refletindo as Crises de 1929 e 2009

Com relação ao capitalismo pretérito, supõe-se que no século XVII(segundo Eric Hobsbawn) existiu uma grande crise que foi superada através do intenso processo da revolução industrial inglesa. Contudo, subsistindo por todo o século XIX e início do século XX praticamente como uma sociedade por ações(para uma abastada classe média ocidental), o capitalismo de Smith, Quesnay, Gourmet e Petit, nos limites da fisiocracia moderna, sofreu no ano de 1929 seu mais poderoso e radical baque com a quebra do sistema produtivo, comercial e financeiro das potências ocidentais. Tudo isso se desenvolveu devido à realidade geopolítica e econômica que se desenvolveu após a primeira guerra mundial. Com relação a esta, devido à grande destruição dos países europeus, os EUA iniciaram uma massiva exportação de gêneros e víveres de consumo imediato e depois, estruturas construtivas, motrizes e operativas tais como máquinas ou bens de capital. Desse modo, iniciando a Europa a produção de seus próprios bens, as exportações norte-americanas foram gradativamente caindo e uma disparidade progressivamente expressiva começou a tomar lugar entre as bolsas e a realidade comercial(e industrial). Chegou-se, contudo,
num dado momento em que essa disparidade se radicalizou de tal modo que a situação financeira dos investidores se tornou tal que todos correram à bolsa para se desfazerem de seus papéis os quais então não valiam absolutamente mais nada: foi a denominada "quinta-feira negra". As diferenças entre o dinheiro e o valor das mercadorias eram tão grande que estas não tinham mais nenhuma importância comercial em relação àquele, o que tornou as trocas impossíveis. Isso ocorrera devido à escassez do crétido, pois todos os investidores temiam perder seus estoques monetários. Assim, o governo Roosevelt tomou duas iniciativas de peso, a saber, desvalorizou o dólar numa fração de valor para fomentar as transações comerciais e ao mesmo tempo destruiu contingentes de mercadorias também para ajudar a baixa dos preços(em Chicago, inundou-se as ruas de leite; no Brasil, Vargas queimou café). A segunda iniciativa foi gerar emprego através de obras públicas para aumentar a renda social e assim o consumo geral. A teoria fisiocrata da hegemonia paradigmática absoluta da oferta e da procura entrou em colapso final, sendo as teses do economista inglês John Maynard Keynes adotadas universalmente(0 mesmo Keynes trabalhou no sistema de tabelamento do governo dos EUA naqueles tempos). As idéias de Keynes defendiam então uma real e maior interferência do Estado na economia, a saber, controlando juros, moeda e emprego, baseando-se na existência de um banco central. Contudo, foi somente na segunda guerra mundial que a economia norte-americana - aquela e ocidental - seria saneada da crise de 1929 e da depressão dos anos 30(deve-se definir aqui como recessão o arrefecimento do desenvolvimento econômico e a depressão, a estagnação daquele desenvolvimento), o que indica a precariedade funcional do sistema capitalista, dependendo amiúde de fatores externos - e dramáticos - tais como guerras globais.
Ao final do ano de 2008, a economia capitalista, preferivelmente a norte-americana. vinha sofrendo intensa e progressiva crise imobiliária que se alastrou pelo conjunto universal de hipotecas e atingiu um conhecido banco que assumia sistematicamente falências. Consequentemente, a crise tal como um efeito dominó, se alastrou por todo o sistema bancário, atingiu as grandes montadoras de Detroit(Ford, Chrysler e GM) e a economia popular, gerando uma grande e poderosa onda de desemprego. Devido à globalização da economia, já em 2009 a crise se tornou também global, atingindo tanto os países desenvolvidos tais como os EUA, Alemanha, Inglaterra, França e Japão tal como o grupo dos BRIC(Brasil, Rússia, Índia e China). Neste momento(junho de 2009) é categórico afirmar que no mundo inteiro vão se vivenciar taxas de crescimento bastante acanhadas com relação ao passado mesmo recente embora se afirme como previsão que países como o Brasil possam sair da crise mais rapidamente. Contudo, essas assertivas se configuram somente como cogitações. Mesmo com alguma antevisão positiva, o contexto ainda é de precaução e cautela(Spartacus).

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