terça-feira, 30 de junho de 2009

Sobre o Regime Soviético Russo(1917-1990)

Já é a partir de Lênin que o marxismo configura uma vertente autoritária devido à aceitação universal da tese que propõe a necessidade de uma vanguarda(intelectual, mais tarde, para Gramsci) a fim de estabelecer a liderança do processo revolucionário. Na Rússia, confundiu-se Estado, Partido e Revolução. É a partir do politburo encabeçado por Lênin, Trotski, Zinoviev, Bukharin e Stálin, que a concentração do poder pelo partido alcança uma centralização maior na figura de Stálin o qual determinaria uma total ditadura totalitária de esquerda na URSS. O populismo universal, o culto à personalidade e a repressão a qualquer oposição política ou ideológica foram as principais características do regime stalinista. A aliciação popular, o sistema dos comissários do povo e o stakanovismo foram as determinantes do populismo soviético no período de Stálin. O filme de Wajda mostra bem isso ao contar a história de um operário da construção civil bem sucedido nas competições de natureza obreirista, a saber, um esporte que consistia no levantamento cronometrado de paredes. Estes tempos foram caracterizados por repressão política, tortura, internações psiquiátricas, desaparecimentos, prisões, mortes e coletivização forçada em granjas coletivas(milhões de russos pereceram nestes processos de integração coletiva). Dos cinco do politburo somente restou Joseph Stálin o qual promoveu um imenso culto à personalidade, com estátuas, retratos, cartazes e out-doors por toda a URSS. A segunda guerra mundial fortaleceu imensamente a Rússia a qual ergueu-se soberana com a constituição do "cordão sanitário"(a "cortina de ferro", para o Ocidente), anexando os países periféricos à Rússia, tais como a Polônia, a Tcheco-Eslováquia, a Hungria, a Yoguslávia e a Romênia, por exemplo, compondo de fato a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Após a segunda guerra mundial, a URSS se transformou na segunda potência de um mundo dissociado, esquizofrênico e polarizado pela denominada "guerra fria"(como antagonista direto e universal dos EUA). Assim, pequenas e localizadas guerras paroquiais aconteceram como tentáculos indiretos daquelas duas super-potências, elas nunca de defrontaram aberta e diretamente o que, devido aos arsenais bélicos nucleares, significaria o fim da humanidade na superfície do planeta Terra. O stalinismo caiu sob a égide de Nikita Kruchev nos anos 50 do século XX. Após a queda do Muro de Berlim em 1989, a URSS se desarticulou, colapsando-se em 1990, sob a égide de Mikhail Gorbachev e Bóris Yeltzin. De fato, a partir desse momento, a URSS apresentara sua face mais fragilizada, como um sistema de nacionalidades extremamente fragilizado politicamente e economicamente paupérimo, indicando um sistema político, social e econômico o qual não logrou sucesso na história recente da humanidade. Contrariando a tese de Marx de que o socialismo seria implantado em países mais avançados do capitalismo, tal ocorreu em nações muito empobrecidas, tais como a Rússia, China, Cuba, Vietname, Coréia do Norte e Cambodja, apresentando terríveis distorções ideológicas, políticas e sociais. Esse regime assim implantado por esses países foi definido pela desinência universal de "socialismo real"(Spartacus).

7 comentários:

  1. Ao operariado, campesinato e trabalhadores do setor de serviços
    Aos desempregados e trabalhadores informais
    Aos trabalhadores migrantes em todas as regiões do mundo
    Aos povos indígenas, nacionalidades, etnias e minorias oprimidas
    À Juventude e as mulheres trabalhadoras

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  2. Em junho de 1926, a publicação na França de um documento intitulado “A Plataforma de Organização dos Comunistas Libertários” (assinado pelo grupo de exilados russos Dielo Trouda), causou um profundo impacto e mal estar entre anarco-comunistas, anarco-sindicalistas e individualistas, especialmente na Europa.
    Entre os que assinavam o documento estavam o camponês Nestor Makhno, principal liderança do Exército Insurgente da Ucrânia, e Piotr Archinov, um operário e guerrilheiro, ambos veteranos da revolução e da guerra civil russa (1917-1921). O documento convocava a reorganização do anarquismo revolucionário, a luta ideológica contra o individualismo desorganizador e criação de uma organização anarquista internacional.

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  3. Errico Malatesta, um dos principais anarco-comunistas da época, se pro-nunciou de maneira clara e categórica contra os pressupostos estabelecidos pela Plataforma: “Ora, sendo a organização proposta tipicamente autoritária, não só não facilitará a vitória do comunismo anarquista, como falsificará o espírito anarquista e resultará no contrário do que esperam seus organizadores”. Vóline, um anarco-comunista russo exilado na França escreveu o seguinte: “Concluindo, o único ponto original na Plataforma é seu revisionismo em direção ao Bolchevismo, escondido pelos autores...”
    A Plataforma de Organização era um documento que apontava para três tarefas fundamentais: o desenvolvimento de uma teoria anarquista como base da organização internacional; a maior precisão da estratégia e programa globais para a revolução socialista a partir da crítica da experiência da degeneração burocrática da revolução russa de 1917; a crítica da função que os anarquistas tinham desempenhado no movimento de massas e a apresentação de uma linha revolucionária de ação.
    Essas tarefas colocadas pelos autores da Plataforma de Organização não foram realizadas. E nisso reside em grande parte as razões do declínio histórico do anarquismo, que assim como Makhno e Archinov apontaram, continuaria sendo marginal em relação às lutas das massas camponesas e operárias caso não enfrentasse tais tarefas.
    A Plataforma tinha também os seus limites. A reação dos anarco-comunistas, individualistas e anarco-sindicalistas denunciava os Plataformis-tas como algo “estranho ao anarquismo”. Os “plataformistas” foram acusa-dos de “desviarem-se do anarquismo”, de trilharem uma perigosa fronteira com o “bolchevismo” e com as ideologias “autoritárias”.

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  4. Mas na realidade, os Plataformistas, ao contrário do que seus críticos a-firmavam, não estavam “rompendo” com o “anarquismo em geral”. E sim com o revisionismo (representado pelas autoproclamadas “correntes”). Os plataformistas também achavam que estavam criando uma proposta nova. Na realidade, eles apenas estavam recuperando, de forma parcial, a concepção bakuninista originária da Primeira Internacional que foi renegada pelo anarco-comunismo de Errico Malatesta e Piotr Kropotkin, pelo anarco-sindicalismo e seus teóricos como Rudolf Rocker.
    A Plataforma de Organização foi recusada por ela conter em seu interior um movimento em direção aquilo que os anarco-comunistas, individualistas e anarco-sindicalistas haviam negado: o bakuninismo. Mas a Plataforma apenas delineou as tarefas. Os seus autores não tiveram as condições históricas para realizá-las. Eles mostraram que seria preciso construir uma organização anarquista internacional. Que esta deveria ter unidade teórica, unidade tática, responsabilidade coletiva e federalismo. Mas eles, por motivos de força maior, deixaram esta tarefa incompleta.

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  5. A experiência anterior de crítica e os esforços heróicos de indivíduos e pequenos grupos que fizeram críticas parciais e reflexões que antecedem a análise aqui apresentada devem ser reconhecidas. A crítica plataformista nos anos 1920 na Europa; as críticas de pequenos grupos de “bakuninistas” no Brasil e a defesa mesmo que confusa da Makhnovitischina no Brasil por José Oiticica; a critica e oposição do Grupo Antorcha a capitulação dos anarco-comunistas liderados por Santillan na Argentina. Também nos anos 1930 a critica a degeneração do anarco-sindicalismo e comunismo espanhol por Makhno, Jaime Balius e Los Amigos de Durruti. As críticas de Georges Fontenis nos anos 1950 e da FAU-histórica nos anos 1960 são fundamentais. Mas é preciso também reconhecer que todas essas criticas foram incompletas e parciais. Não conseguiram se consolidar, porque não caminharam em direção ao bakuninismo.
    Esse documento visa exatamente assumir responsabilidade de executar as tarefas delineadas pela Plataforma de Organização e pelos demais camaradas. Continuar de onde pararam: avançar na única direção possível ao plataformismo, o bakuninismo. Nesse sentido, ele tenta apresentar os traços estruturais da teoria anarquista – o bakuninismo – e convocar a reconstrução da organização internacional bakuninista e da organização internacional dos trabalhadores. Essa tarefa é hoje central.

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  6. A degeneração das revoluções socialistas e de libertação nacional, a inte-gração dos sindicatos de orientação social-democrata e anarco-sindicalistas dentro do sistema capitalista mostram que o proletariado tem sido levado a sucessivas e gravíssimas derrotas históricas. A capitulação dos anarco-comunistas a anarco-sindicalistas também é um traço importante dessa his-tória. Foi em grande parte o resultado dos erros de teoria, do empirismo e oportunismo que marcava a formação das organizações políticas e as organi-zações de luta dos trabalhadores.
    Pretendemos então aqui convocar a construção de uma Rede Anarquista Internacional (RAI) e de uma Tendência Classista-Internacionalista (TCI). Essas formas organizacionais visam dar início ao processo de reconstrução da Aliança e da AIT. Mas para delinear de forma mais concreta as características dessa organização política e de massas é preciso antes de tudo uma apresentação do conteúdo do bakuninismo e uma profunda crítica da teoria que foi dirigente das lutas dos trabalhadores no último século: o marxismo. É preciso também uma crítica séria das experiências de luta dos trabalhadores e de como os desvios de teoria foram determinantes para as derrotas dos trabalhadores.

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  7. A plataforma de organização do anarquismo revolucionário aqui apresen-tada visa então fixar as bases teóricas e programáticas de tal construção internacional. A primeira parte do documento é uma crítica teórica e histórica das diferentes teorias e experiências de organização e luta dos trabalhadores. A segunda parte é uma aplicação da concepção bakuninista de teoria e revolução ao atual estágio de desenvolvimento capitalista. A partir disso, apresentamos uma proposta de organização dos revolucionários e dos trabalhadores para a luta pelo socialismo.
    Os indivíduos e grupos que quiserem discutir a adesão a esta Plataforma de construção de Seções da RAI e TCI em seus países devem escrever para se engajar e desenvolver o dito processo: as orientações adicionais e detalhadas serão repassadas pela Comissão de Construção.
    UNIPA – Brasil
    OPAR – México

    http://arquivobakunin.blogspot.com/2011/05/plataforma-internacional-do-anarquismo.html

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