domingo, 28 de junho de 2009

Sobre a História do Brasil(1964-2009)

O desenvolvimentismo e o populismo de um Brasil ingênuo tiveram expressão na época de Juscelino(construção de Brasília) e a imediatamente posterior gestão de Jânio Quadros, tendo como vice-presidente, João Goulart. Jânio era uma figura controvertida e curiosa, causando espanto às forças políticas de direita ao condecorar no Brasil o astronauta soviético Iuri Gagarin e o líder revolucionário cubano Ernesto Guevara. Seguindo-se às artimanhas janistas de chantagem relativamente à sua renúncia à presidência da república, com a cadeira presidencial vaga, naturalmente, João Goulart(ou Jango) seria sucessor direto de Jânio. Contudo, com as visitas de Jango à URSS e à China, as forças da direita reacionária questionaram fortemente a identidade democrática do governo brasileiro e propuseram uma redução radical dos poderes presidenciais, incentivando um plebiscito para submeter Jango a um regime parlamentarista. Contudo, o povo respondeu nas urnas não ao parlamentarismo, como resultado positivo da campanha da legalidade(na qual Leonel Brizola, enquanto governador gaúcho, foi o principal artífice). É a partir dos fins de março de 1964 que Jango pronuncia o seu histórico discurso na Central do Brasil e em 31 de março um movimento militar surgido a partir do sudeste do Brasil e apoiado pelas forças armadas norte-americanas(operação Brother Sam) depôs o governo de Jango e empossou o General Humberto de Alencar Castelo Branco, sendo instaurado o bipartidarismo, sendo a ARENA situação e o MDB oposição. Contudo, por volta de 1968, a sociedade brasileira ainda conservava algumas liberdades políticas(os intelectuais ainda promoviam cultura questionadora, contestadora e revolucionária com os CPC, os chamados "centros populares de cultura", com ênfase principal na poesia, música e dramaturgia). Depois da questionável morte de Castelo Branco, foi empossado o General Arthur da Costa e Silva, o qual já supunha a necessidade de uma anistia e abertura políticas. Contudo, Costa e Silva também teve morte questionável e em seu lugar, através de indicação nebulosa, foi colocado o General Emílio Garrastazu Médici. Este foi o tempo do AI-5 para políticos e sociedade em geral e do 477 para os estudantes. Estes foram tempos de um grande ufanismo("Brasil, ame-o ou deixei-o"), do tri-campeonato mundial em 1970 e do "milagre brasileiro"(questionável e virtual crescimento econômico especulativo). Por todos os mandatos militares, sob a égide do ministro Delfim Neto, a inflação brasileira se manteve no índice de 100%, para o incentivo à exportação de produtos brasileiros, principal fonte de captação de dólares para pagamento apenas do serviço da dívida externa junto ao FMI). Naquela época, muitos deputados e vereadores renunciaram aos seus mandatos em protesto, muita gente foi exilada e muitos também foram mortos ou desaparecidos. No interior, jovens estudantes universitários iniciaram a guerra de guerrilhas(segundo a teoria "foquista" de Castro e Guevara). com sequestro de autoridades nacionais e internacionais, como por exemplo, o sequestro do embaixador dos EUA e a guerrilha do Araguaia. Os métodos de interrogatório via tortura grassavam por todo o território nacional, muitos brasileiros com os mais elevados ideais patrióticos e nacionais foram torturados e mortos nos porões do DOI-CODI, do DOPS, nas delegacias e quartéis em geral no país inteiro. Brizola, entrevistado muitos anos depois, disse que houve "um golpe no interior do golpe", sendo a tendência militar de ultradireita de Médici alijando a tendência mais moderada de Castelo Branco e Costa e Silva. Em 1975, ascende ao poder o General Ernesto Geisel que abre o país à tecnologia nuclear alemã(reator PWR-UKW) em Angra dos Reis e põe fim à tortura depois da impressionante manisfestação política no funeral do jornalista Vladimir Herzog). Finalmente, a abertura chega com a posse do General João Batista Figueiredo que, polêmico e controvertido, afirmara peremptório que implantaria a democracia no Brasil e quem fosse contra prenderia e arrebentaria. Muitas e muitas pessoas então banidas voltaram do exílio, também Miguel Arraes, Leonel Brizola, outros políticos e artistas. Também foi promulgado o retorno ao pluripartidarismo, legalizando-se novamente partidos proscritos(os socialistas e comunistas, por exemplo) e surgira então a grande novidade na política brasileira, o Partido dos Trabalhadores(PT), nascido no confronto sindical das greves de 1978 a1980, tendo como líder natural o sindicalista Luís Ignácio da Silva, o "Lula". As primeiras eleições regulares gerais para o legislativo e governador ocorreram em 1982, sendo a direita vencedora na maioria dos estados e o PT sofrera acentuada derrota universal(a lei Fleury para a propaganda político-partidária eleitoral ainda era vigente). Figueiredo foi sucedido por Tancredo Neves em eleição congressual indireta, o qual derrotou Paulo Maluf, embora o primeiro falecera imediatamente depois. Foi então empossado de modo legalmente controvertido o vice na chapa de Tancredo, José Sarney. Este presente governo foi caracterizado por uma grande incompetência funcional, apresentou três malfadados planos econômicos, a saber, o plano Cruzado de Dílson Funaro, o plano Bresser e o plano Verão de Maíson da Nóbrega. O primeiro destes consistiu numa desleal jogada eleitoral com relação ao povo brasideiro realizada pelo PMDB, ainda as urnas não tinham sido totalmente contadas e os preços das mercadorias na economia já tinham começado a subir. Através dessa jogada eleitoral, o PMDB obteve a grande maioria dos mandatos de governador por todo o país. Ainda em 1984, a emenda que propunha imediatas eleições diretas, proposta por Dante de Oliveira foi refutada no Congresso. O vice de Figueiredo, Aureliano Chaves, há um tempo atrás, divergira daquele e fundara a "Nova República" e um novo partido seu, o PFL. O Brasil mais e mais consolidava sua democracia e então, nas eleições para a presidência da República de 1989, muitas candidaturas concorreram mais finalmente o pleito se polarizou entre extrema-esquerda e extrema-direita, à testa da primeira o candidato Luís Ignácio Lula da Silva e na segunda, Fernando Collor de Melo. Collor usou de artimanhas de baixo nível para o aliciamento popular e derrotou Lula, empossando-se em Brasília em março de 1990. Logo em seu primeiro dia de mandato, junto com a ministra da economia Zélia Cardoso de Melo, confiscou as poupanças por todo o país, promovendo um grande choque fiscal. Contudo, Collor não terminou seu mandato. Devido às acusações de lobby envolvendo a iminência parda Paulo César Farias com relação às contas da Casa da Dinda. Assim, Collor sofreu um processo de impeachment que resultou na sua deposição final. A juventude brasileira(os "caras pintadas" foram fundamentais na derrubada de Collor de Melo). Assumiu assim seu vice, Itamar Franco o qual, junto com seu ministro da economia Fernando Henrique Cardoso, promungou o Plano Real e deu fim à histórica e hiperbólica inflação que incidira sobre a economia brasileira desde muitas décadas. Nos dois pleitos sucessivos para a presidência da República, foi eleito F.H. Cardoso que nestas gestões deu continuidade à sua política econômica então instaurada. Contudo, depois de muitas tentativas, finalmente Lula alcançou o Planalto e atualmente(2009) se encontra em sua segunda administração federal. Para chegar ao governo, o PT sofreu profunda metamorfose e teve que fazer imensas concessões políticas e ideológicas(vide seu vice, José Alencar). Mesmo com a crise do capitalismo neoliberal mundial, o Brasil ainda cresce, em infraestrutura, por exemplo, no caso da Petrobrás. Contudo, o governo Lula se encontra eivado de corrupção em todos os níveis e acumula mais de três dezenas de escândalos ao longo destas duas gestões(desde Valdomiro Diniz, José Dirceu e a Loterj até o caso das contas secretas do Senado). Lula parece descartar um terceiro mandato presidencial pessoal e intenta indicar um candidato favorito, até agora a ministra Dilma, embora esta esteja atualmente muito doente. O ano de 2010 é de fato ainda uma incógnita política para o Brasil em sua vivência civil e republicana futura(Spartacus).

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